Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Destino impiedoso (e irônico)

17/11/2005


Final do Brasileiro de 2001. Arena da Baixada lotada. Atlético e São Caetano disputando o título. Na torcida adversária, o mar azul era temperado por alguns pontos verdes. Eles estavam lá. Os coxas queriam porque queriam ver o Atlético perder o título.

Era natural. Eu também torceria contra eles. O problema é que, desde então (na verdade, mesmo antes disso), os coxas não se preocuparam em outra coisa senão em ver o Atlético deixar de triunfar. Em 1996 e 2000, fizeram a festa quando o Furacão esbarrou com o Atlético de Minas no Brasileiro e na Libertadores, respectivamente. No Brasileiro de 2000, o time "deles" foi o Inter, que acabou eliminando o Atlético nas oitavas-de-final. Em 2001, não adiantou a torcida pelo São Caetano. Mesmo assim, continuaram vivendo de secar o Atlético, como no Brasileiro de 2004, em que a torcida comemorou quando seu time sofreu gol do Santos, e na Libertadores de 2005, quando queimaram fogos pelo título são-paulino.

Que outra alegria teve a torcida coxa fora as eliminações do Atlético e um ou outro estadual? Nenhuma. E nem se preocuparam com isso. Por isso, o castigo do destino vem agora. Terão que torcer desesperadamente por uma vitória do Atlético contra o mesmo São Caetano. Desta vez, o coxa que quiser ir à Baixada não ficará na torcida adversária. É a Segundona batendo à porta, e eles correm desesperadamente. Nem sabem por que correm, já que, desde o retorno à Primeira Divisão em 1996, não incomodam ninguém. A volta à segunda divisão seria uma forma de se verem disputando um título nacional. Mas nada de se conformar com isso. Então, torçam pelo Furacão.

É evidente que o Atlético não entregará o jogo. O Atlético não faz figuração no Brasileiro, como eles. Nossa briga é pelo topo, ao menos por uma vaga na Libertadores, e, como nesse ano não temos mais chances de ficar entre as primeiras posições, o que se busca é o consolo da vaga na Sul-Americana. Para isso, temos que vencer o São Caetano, ainda que isso ajude (talvez inutilmente) o Coritiba. E como, ao contrário deles, não somos um Clube que pensa primeiramente no fracasso do rival, jogaremos e torceremos por uma vitória atleticana, como sempre. A diferença é que, em caso de eventual derrota, ficará um gosto agridoce pelo desespero da coxarada.

Ironia do Destino

Imagine a cena. O torcedor coxa está assistindo, em pay-per-view, o jogo deles contra o Atlético de Minas. De repente, no rodapé da tela, a emissora informa: “Atlético-PR 1 x 0 São Caetano”. O coxa vibra, pula, grita, com o gol atleticano. Então, assim como no filme “Será que ele é”, em que o personagem contém-se para não dançar, o coxa escuta uma voz: “Pare com isso! É gol deles!!! Do ‘A. Paranaense!’ Contenha-se! Seja um coxa de verdade!”

Ironia do Destino II

Um amigo meu confessou que, em 2001, se reuniu com outros amigos coxas e foram até a única loja de esportes que vendia camisas do São Caetano. Além de terem perdido o investimento e visto o Atlético ficar com a Taça, hoje se deparam com uma situação curiosa: precisam secar o São Caetano, concorrente deles no rebaixamento. O que farão com as camisas? Macumba?

Aluga-se

Tenho algumas camisas velhas do Atlético que posso alugar para os amigos coxas que quiserem fazer uma torcida especial pelo Atlético neste fim de semana. Faço um preço baratinho, desde que lavem bem e desinfetem antes de me devolver.


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