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Jones Rossi
Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.
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Como estão tentando roubar o jogo
11/11/2005
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Em uma aliança de notórios incompetentes, Marcio Braga, presidente do Flamengo, e Eurico Miranda, do Vasco, estão querendo acabar com o rebaixamento. Somente dos "grandes" é claro. Neste grupo de gente tão grande estão times como Bahia e Grêmio, um na terceira e outro na segunda divisão. A brilhante idéia das duas múmias consiste em voltar a aumentar o número de participantes da Série A do Brasileiro até atingir 24 clubes. "Tem que fazer um regulamento igual ao da Argentina, no qual Boca e River nunca caem", afirmou Eurico.
Se não bastasse o desconhecimento de causa – River e Boca não caem porque o rebaixamento no campeonato argentino é feito por um ranking que contempla os últimos três campeonatos – Eurico também demonstra falta de apreço pelo jogo esportivo. Afinal, qual a graça de um campeonato sem rebaixados?
O pior é que essa tentativa de premiar a incompetência vem justamente no maior momento de lucidez da CBF desde que Ricardo Teixeira se entronizou lá. Teixeira quer dividir o Campeonato Brasileiro em quatro divisões de 20 clubes, com calendário semelhante ao da Europa. Perfeito. Seria uma forma inteligente de dar calendário para o ano inteiro para 80 clubes e estancar a sangria de craques do Brasil.
Em um cenário realista, a vontade da CBF deveria prevaleceria facilmente neste caso, já que ninguém mais dá bola para o que dizem dirigentes de clubes falidos do Rio de Janeiro. O problema é que a Globo, que detém os direitos de transmisão do Brasileiro, resolveu ir contra a proposta de Teixeira. Dá até para entender. Flamengo e Corinthians, que seriam beneficiados pela proposta do fim do rebaixamento, têm as maiores torcidas do PaÃs e conseqüentemente também têm as maiores audiências.
Mas a Globo está apenas tentando adiar o inevitável e ao mesmo tempo dando um tiro no próprio pé. Times grandes podem se tornar pequenos. O América-RJ está aà para provar isso. Foi grande, inspirou a criação de dezenas de times com o mesmo nome pelo Brasil, inclusive o que deu origem ao Atlético, e hoje não consegue sequer juntar mil pessoas para ver seus jogos. E a Globo insiste em ou passar na TV jogos desses cariocas que estão se "americanizando" ou do Corinthians. Um jogo pior que o outro. Corinthians e Pumas foi uma vergonha.
Em compensação, o Furacão, que se estruturou nos últimos dez anos, recebe uma miséria da TV pelos seus jogos. À ela não interessa que seja um melhor que o outro. O time faz apresentações memoráveis, mostra ao Brasil inteiro a força de sua torcida em um estádio seguro e exemplar. O espetáculo é completo. Por outro lado, quem ainda quer ver a milésima partida do Flamengo em Volta Redonda ou na "Arena" Petrobrás? Ao que parece, só os executivos da Globo. Um aviso: TV's grandes também podem se tornar pequenas.
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