Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Monumental vale transporte

09/11/2005


Por muitas e muitas vezes critiquei, aqui mesmo neste espaço, algumas manifestações e atitudes de Mario Celso Petraglia.

Da mesma maneira como critiquei, certas vezes parei para pensar e nem sempre me culpei por minhas reações, afinal, muitas delas nasceram de uma forma desesperada de ver, com extrema euforia, o Atlético sempre entre os maiores e permanecendo no topo do futebol brasileiro. Porém, outras vezes me culpei sim, pois deveria ter sido mais tolerante e procurar entender melhor as propostas, não somente de Petraglia, mas da diretoria do Atlético de um modo geral. Assim vou me referir neste texto, não citando um ou outro dirigente como referência, mas a diretoria de uma forma geral.

Duas situações foram, ao meu entender, mais marcantes. O reajuste no preço do ingresso para R$ 30, 00, posteriormente, após um vendaval de reclamações, retornando a um valor mais acessível a grande parte da torcida, R$ 20,00. Diante de um acordo um tanto quanto forçado, a diretoria abriu mão do reajuste abusivo e aceitou a proposta da nação atleticana, em sua maioria.

A segunda situação foi a proibição de faixas, adereços de mão e o som da bateria da torcida organizada, e deu o que falar. A cada jogo, a cada lance negativo, íamos nós no embalo do “libera a bateria”. Em um dos momentos mais importantes da história do Atlético, no jogo contra o Cerro Porteño na Baixada, pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América, mais uma vez a diretoria abriu mão e finalmente liberou a bateria da torcida mais empolgada do país. Uma verdadeira festa que emocionou a todos nós atleticanos.

Hoje, após passada uma grande rede de intrigas e conflitos entre diretoria e torcida, observamos o nosso clube com outros olhos. Podemos perceber exatamente os objetivos e as intenções da polêmica, mas corretíssima diretoria do Atlético. Ainda bem que os dirigentes também entenderam que a aliança com a torcida seria a melhor decisão, uma das mais sábias tomadas desde 1995.

E hoje, mais do que em qualquer outra época, podemos chegar a muitas e muitas conclusões sobre a grandeza do nosso Atlético, bem como o que o nosso clube representa, não somente a nível nacional, mas internacional. Rompemos fronteiras e mostramos ao mundo todo as nossas pretensões.

Quando observo a lastimável situação do nosso rival, o mesmo que um dia já foi mais rival, mas que hoje tropeça nas próprias pernas, posso perceber mais ainda quais eram os reais objetivos da diretoria atleticana. Tenho orgulho, muito orgulho em ser rubro-negro, de coração! Bato no peito e fico orgulhoso em saber que, atualmente, o preço do nosso ingresso equivale, não somente a uma partida de futebol, mas a um grande espetáculo em um estádio maravilhoso.

Enquanto isso, o time da Vila Capanema corre loucamente atrás de uma aparência melhor, realiza projetos que terão credibilidade apenas quando a coragem superar a fraqueza. Enquanto isso, o time do tal “monumental” é taxado por seu próprio presidente como um clube que ficou para trás, que deve, ainda deve e muito para sua sofrida e fraca torcida, que nem mesmo forças para gritar consegue mais arrumar. Hoje, lá no estádio do time merecedor da segunda divisão, a apelação já virou fiasco e o ingresso, agora sim, possui um valor justo, não somente pelas instalações e pelas acomodações, mas pelo próprio time, que luta para sair de uma zona a qual somente os pequenos e perdedores habitam: a segunda divisão. Pouco mais que o preço de um vale transporte, pouco menos que o valor de uma coca-cola com x-salada, talvez o preço do famoso PF, ou prato feito, e qualquer torcedor verde e frustrado pode acompanhar seu time.

Cada um tem o que merece. Nós temos o Atlético porque merecemos, assim como o Atlético merece a torcida que tem, a altura de um grande e brilhante clube de futebol. E os outros que corram atrás, mas pensem primeiramente em “limpar” a lambança que fizeram e olhem para o próprio rabo, e se forem capazes, que consertem a trajetória trágica e podre que foram construindo com o passar dos anos.

Talvez nem assim, talvez nunca mais alcancem o nobre, o grande, o belo Clube Atlético de todos os paranaenses. O único capaz de representar o estado do Paraná com sabedoria e estrutura no Brasil e no mundo. O resto, virou mesmo resto, e de resto viverá eternamente.


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