Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Competência

07/11/2005


O Atlético de Minas está rebaixado. Matematicamente ainda não, mas moralmente, sim. O estado de Minas Gerais terá apenas um representante, o Cruzeiro, na Série A em 2006. Algo que não está distante de acontecer com o estado do Paraná em breve. Serão apenas vinte clubes na primeira divisão e só os mais competentes permanecerão nesta elite. E no Paraná, o único com esta competência e solidez necessárias uma permanência digna e atuante é o nosso Atlético Paranaense.

Andei revendo alguns conceitos. Já achei um dia que era motivo de orgulho para o estado ter três times na primeira divisão. Hoje, acho que é muito melhor ter apenas um time forte e competitivo, que represente a nossa gente com grandeza, do que ter mais dois que só fazem figuração e lutam nas partes ínfimas da tabela, com elencos medíocres. Mário Celso Petraglia, sempre visionário, já adiantou há anos, que o nosso estado, pelo seu porte, pelo tamanho da economia, pelo mercado restrito, não comporta três times na primeira divisão. Isto vem se confirmando verdade ano a ano e rodada a rodada dos últimos certames nacionais. E o Atlético se preparou para ser este time e vestir a camisa do orgulho paranaense. Nós nos preparamos para esta nova ordem do futebol mundial e nacional, esta reengenharia que vai colocando cada clube no lugar adequado, de acordo com sua competência.

O estado do Rio de Janeiro já sediou a capital da República, já teve uma economia mais pujante, mas esta minguou e hoje vive basicamente do turismo e de alguma extração de petróleo na bacia de Campos. O Rio comporta dois times, três no máximo, na primeira divisão. E justamente os que passaram por períodos magros e foram forçados a fazer uma reestruturação, o Fluminense e o Botafogo, são os que estão com mais condições de ter alguma dignidade no campeonato nacional e representar melhor seu estado. No Paraná, não é diferente. Teremos apenas um time de primeira e os outros dois mais importantes do estado, Paraná Clube e Coritiba "Foot Ball Club", alternarão descensos com retornos à primeira e quem sabe um deles finque bandeira definitivamente na segunda divisão. Isto acontece em diversos campeonatos nacionais da Europa, onde há poucas vagas na elite, ocupadas sempre pelos mais competentes. Com apenas vinte clubes de elite, o futebol do Brasil finalmente parece que vai premiar os melhores.

Falando em competência, será um prêmio aos coxas um possível descenso. Eles merecem e buscaram isso ao longo de sua história pretérita e recente. Municiando-se sempre de artifícios para driblar os meios legais, buscando atalhos como compra de goleiros, compra de juízes, deixaram o trabalho de lado para buscar o brilho pelo meio mais fácil. Sem falar na patológica inveja que move seus passos nos últimos anos. Como, por exemplo, negar o aluguel do "Major" Couto na final da Libertadores. Em São Paulo, Corinthians e Palmeiras usam o Morumbi, do São Paulo. Há a rivalidade maluca de torcedor, mas a rivalidade entre dirigentes é, pelo menos, racional, não autofágica como a do dirigente coxa. Esta maneira de pensar ajuda o futebol paulista a ser forte. Não vamos falar em orgulho paranaense quando um dirigente de um time como o Coritiba faz de tudo para manchá-lo. Que caiam os coxas, e se escaparem este ano, o que é possível, que caiam no próximo. Falo isso desprovido de ódio, este sentimento menor. É apenas uma observação de quem não vê esperança que a pequena mentalidade verde mude nos próximos anos.

O Coritiba já representou sozinho o estado na primeira divisão. Depois, foi o Paraná Clube. Agora, nestes novos tempos de razoável ordem e lei no futebol nacional, chegou a hora do Clube Atlético Paranaense ser o representante do estado. É o mais competente, mais preparado, mais estruturado, tem maior torcida, tem o melhor estádio da América do Sul, que em 2008 abrigará quarenta mil torcedores confortavelmente. Minas Gerais já teve três times e agora terá apenas um, não por acaso, o mais preparado e estruturado, o Cruzeiro, que, a não ser pela falta de estádio próprio, se assemelha ao Furacão em estrutura. Agora o Brasil terá apenas um Atlético na elite, o Rubro-negro paranaense. Quando se falar Atlético, a partir de agora, não haverá a distinção "Mineiro" ou "Paranaense". E no futuro, quando se falar de futebol paranaense, só um será lembrado. O Clube Atlético Paranaense.

Aplausos

Que bom que Denis Marques voltou a marcar e a jogar bem. Fez gol e finalizou outras vezes com perigo, além de participar de várias jogadas. É jogador de definição, agudo. Todos os atleticanos sabiam disso. Mas alguns o xingaram como se fosse um pangaré como os do Alto da Glória. Esquecem-se que Denis, além de vestir a camisa do clube, fez o gol que garantiu o Paranaense deste ano, foi importante no Brasileiro 2004 e Libertadores 2005, é patrimônio do clube e vaiá-lo é depreciá-lo. É mais difícil um jogador sair de má fase quando não pode errar um passe que é xingado. Bom que ontem jogou bem e fez gol. Isso aí, Denis! Chuta a bandeira, berra, beija o escudo, rasga a camisa de emoção. Comemora, chora, balança o mullet rastafári. Descarrega, desabafa, espairece. E começa vida nova, sabendo que a torcida atleticana é exigente, certas vezes chata, mas não tem nada melhor que agradá-la. E esta é a melhor motivação para um jogador buscar forças para sair de uma má fase: a ovação e o aplauso da fanática e ensandecida galera rubro-negra.


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