Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Não para o Flu

28/10/2005


O texto que vem a seguir é de torcedor. E de torcedor chato. Porque do Atlético eu admito qualquer coisa, menos perder para o Fluminense. Não pode. Nem de brincadeira. Contra o Tricolor carioca o time deve se comportar como se fosse uma final de Copa do Mundo. Por quê? Vamos lembrar um pouco de 1996.

Logo em seu primeiro ano depois de voltar da segunda divisão, o Atlético fazia uma brilhante campanha. Derrotou o badalado Palmeiras, acabou com o Vasco de Edmundo, ganhou os dois clássicos locais, fez o diabo. Tudo se encaminhava para o título nacional, até o jogo contra o Fluminense nas Laranjeiras. Paulo Rink, Alberto e companhia deram um show de bola. Ricardo Pinto bateu com orgulho no escudo do Atlético. A selvagem horda que se travestia de torcida invadiu o campo e atacou Ricardo, que ficou de fora do restante do campeonato. Ivan entrou em seu lugar, foi razoável, mas o time se abalou demais e acabou fora contra o Atlético-MG (é, houve um tempo em que o Atlético-MG ficava entre os primeiros do Campeonato Brasileiro).

O falido Fluminense acabou caindo para a Segundona por causa da derrota mais deliciosa da história do Atlético. Um 2 a 1 para o Criciúma na Baixada. Caiu, viraram a mesa, mas só adiantou para o Fluminense passar mais vergonha. Caiu de volta e chegou a visitar a terceira divisão, casa do Coxa em 2007. Voltou para primeira divisão na surdina em 2000, aproveitando a bagunça da Copa JH. Voltou para ser humilhado pelo Atlético em 2001, eliminado nas semifinais do Brasileiro do qual o Furacão saíria campeão.

Mas nada disso serviu para apagar o que fizeram em 1996. Mario Celso Petraglia já disse que se não fosse aquele episódio lamentável, para dizer o mínimo, o Atlético já teria sido campeão naquele ano. O que é a mais pura verdade. Cenas daquela vergonha deveriam ser mostradas no vestiário antes do jogo, na concentração, para os jogadores do Atlético. Não para inflamar ânimos, o que pode resultar justamente no contrário do que se pretende e o time se apresentar nervoso demais. Mas sim para mostrar o pano de fundo histórico que envolve o confronto entre os dois times. Temos que ganhar sempre. Até porque o Flu é café com leite, freguês com cadastro e carterinha. Tanto é que ontem foi massacrado no primeiro tempo. Por isso tem que se jogar sério sempre. Para golear.

O Fluminense não tem moral para estar na primeira divisão. E se já não existisse toda esta história lamentável ocorrida nas Laranjeiras, mesmo assim o Atlético não poderia ter perdido para um time de segunda divisão.

Coxa

Faz algum tempo, recebi muitas reclamações dos coxas por esta coluna, na qual dizia que o Coritiba era um time simpático. Minhas desculpas aos verdes. Eles tinham razão. Hoje o Coxa não consegue ser simpático nem para a própria torcida.


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