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Juliano Ribas
Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.
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Futebol é momento. Futebol é resultado. Futebol é agora. São máximas aceitas como verdades absolutas nesse esporte. Tudo deve ser analisado no momento imediato, resolvido para daqui a pouco, os resultados têm que vir a partir da primeira ação. Mas a única forma de ser revolucionário é quebrar conceitos, romper paradigmas. E o Atlético só se transformou em grande porque pensou à frente, porque antecipou o porvir.
Não é fácil basear mudanças em algo tão pouco palpável como o amanhã. Mais difÃcil ainda é fazê-las aceitas e compreendidas por um grande número de pessoas. Mário Celso Petraglia que o diga. Ele nos ensinou a ver o futebol como um projeto. Todos sabemos que o Atlético é eterno, mas nunca o tÃnhamos tratado como uma fortaleza de infinita construção. Agora sabemos que devemos fazer a nossa parte para que ele seja grande e sua glória infinita. Uma nova cultura de futebol no Brasil nasceu bem aqui, no nosso Atlético, e já começamos a colher os frutos por termos tido peito de aceitar o desafio de não ficar preso a soluções paliativas e fazer um tratamento terapêutico de reestruturação da nossa paixão.
A Copa de 2014 parece estar longe, mas faltam apenas pouco mais de oito anos. Ela será no Brasil e o Petraglia avisa que até lá o futebol brasileiro mudará e muito. Quem ainda não percebeu, já está mudando. Há três anos não se inventam novas fórmulas para o Campeonato Brasileiro, há um pouco mais do que isso não há viradas de mesa, grandes clubes visitam a segunda divisão, investigam-se falcatruas em federações, máfias de arbitragem e decisões da justiça desportiva, mesmo que não sejam totalmente justas, estão sendo cumpridas. Os estádios, seguindo o exemplo da Kyocera Arena, pouco a pouco ficam menos lúgubres, perdem a insalubridade e ganham, ainda que timidamente, modernidade.
O Atlético saiu muito na frente e chegará em 2014 mais preparado do que todos. Será o mais moderno, pois é tanta coisa que se deve fazer para transformar um clube que não se faz em poucos anos. O Atlético vem se preparando já há dez. Daqui a oito anos, seremos os melhores do Brasil e da América, não tenho dúvida. Nenhuma grande mudança pegará o Atlético desprevenido. E tenho certeza também que a maioria da nossa torcida, tirando uma parte que ainda prega o imediatismo que tanto combina com populismo, já está acostumada a viver dentro desta realidade. Que já entendeu que nós somos mortais, mas o Atlético, não.
Uma grande mudança virá, acredito. Logo, pois a sociedade já não agüenta mais, não tolera mais tanta estupidez. As torcidas organizadas serão todas extintas no Brasil. Isso não é um desejo meu, mas uma triste constatação. Jovens estão morrendo em São Paulo e no Rio e uma situação insustentável já é realidade. No Paraná a situação não é tão violenta, apesar da tradicional depredação de ônibus e dos sarrafos que correm nos terminais. Mas em São Paulo ocorrem mortes e as organizadas não são mais do que quadrilhas armadas. É um problema grave e de difÃcil solução para um paÃs que quer sediar uma Copa do Mundo. É algo que envergonha a todos. E não tardará a decisão de se fechar todas as organizadas do Brasil. Não é uma previsão, mas uma constatação. O Ministério Público já falou seriamente sobre a extinção. E, convenhamos, elas pouco farão falta.
No Atlético as torcidas organizadas já estão aprendendo a viver dentro de uma realidade mais moderna. Os últimos desentendimentos entre torcida organizada e clube apararam algumas arestas. Mas há ainda muito a ser feito. O primeiro passo, ou a primeira idéia, foi dada pelo movimento organizado Ultras do Atlético, que aceitou a idéia de se transformar em um pacÃfico fã-clube que intende contribuir com o Atlético comprando espaços cativos na Kyocera Arena. É mister que idéias assim sejam vislumbradas pelos grupos que desejam continuar animando a massa. Assim, por direito, poderão ficar unidos dentro do estádio, pois compraram antecipadamente o espaço para suas reuniões. Para mim tanto faz que sejam os Ultras ou os Fanáticos ou qualquer outro que tome a decisão. Mas não podem ignorar o momento, não podem deixar de se preparar para as mudanças que vêm por aÃ. Ou será o fim.
É difÃcil mesmo se preparar para o futuro. O presente já nos traz coisas suficientes para nos preocuparmos. Mas vemos que medidas como os "season-tickets", já tão criticadas, são hoje aceitas e entendidas como algo que ajuda o clube em primeiro lugar e cada vez mais ganhará espaço nas cadeiras da Baixada. Mas como foi duro implantar idéias como esta. Muitos disseram que o Atlético estava "vendendo" o estádio quando do acordo de "naming rights", grupos quiseram derrubar o mentor das inovações, um conhecido colunista enlouqueceu e bravou que a Arena seria pintada de verde-e-branco, se assim fosse a vontade do patrocinador. Sabemos agora que tudo foi para o bem do clube e mais coisa vem por aÃ. Novos patrocÃnios, novas vendas de jogadores. Futuramente tiraremos o fosso da Arena, numa inovação sem precedentes na América do Sul. Uma inovação que dará muito o que falar e que teremos muitas dificuldades a enfrentar até que a adaptacão seja completa.
Viver apenas o momento é muito bom. Viver o agora já foi lema da geração hippie e hoje é até lema de cartão de crédito. Valoriza-se este sentimento de satisfação imediata. Mas vale lembrar que a expressão "carpe diem", que em latim significa "aproveite o dia", surgiu na fase que iniciou o declÃnio do Império Romano, quando as pessoas, vivendo dentro de grande opulência, acharam que só se deveria curtir a vida e as maiores esbórnias da história da humanidade foram promovidas. Preocupar-se com o amanhã, pra quê? O bom é viver o agora. Pouco mais de um século depois, o Império Romano caiu. Para não haver decadência, devemos viver com um olho no peixe e o outro no gato, ou seja, com um olho no agora e outro no futuro. Assim o Atlético estará forte no agora e preparado para o amanhã. E o nosso passado de lutas e sacrifÃcios ainda mais valorizado.
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