Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Gols e Circo

21/10/2005


Lá na história, o Império Romano decretou a política do “Pão e Circo” como estratégia para conter uma revolta. A Roma antiga havia virado uma metrópole (proporcional a aquele tempo) com todos os problemas que isso acarreta. Ao final das lutas, eram distribuídos alimentos e a população acabava se distraindo, esquecendo os percalços da vida.

As analogias podem ser muitas, mas vamos nos ater ao futebol e seus entornos. O pão é o gol, que é, ou pelo menos deveria ser o principal alimento do povo do futebol. Já o circo... bem, aí temos vários conceitos, positivos e negativos. Me atenho àquele que conhecemos, com palhaços, e tudo mais. Afinal, hoje ele está definitivamente armado e não sei se para o bem ou para o mal. Alguém sabe?

Respeitável público, vivemos tempos em que é errado ser certo – ou o inverso. O circo, no mau sentido, está aí: árbitros que deveriam ser imparciais, e não são por ganância; pessoas que acabam bancando palhaços ao fazer ofensas pessoais a jogadores de outros times e depois acabam tendo de engolir derrotas dentro de seu próprio circo, digo, sua própria casa. Times que se aproveitam dos escândalos da arbitragem para desculpar suas más atuações, querendo anular jogos.

Vemos também algumas outras palhaçadas da vida. Coisas daquelas em que a gente vê como o mundo dá voltas. Se desejavam punir o Atlético por copos de plástico, o que dizer de invasões de campo, bombas e até tênis arremessados? Irônico não? O que será que aquele ser a quem não dou ibope há tempos, e seu fiel escudeiro (o leão marinho santista) falaram disso? Confesso que até tive vontade de assistir àquele circo, digo, ao que ele chama de programa esportivo para saber.

Têm também os “arrelias” que ficam condenando estratégias de marketing. Vimos quem riu por último da piada. A maior pesquisa realizada sobre torcida, comprovou que o marketing não faz nada sozinho, mas que ajuda, ajuda. Não só premiada de fato, a estratégia de marketing que o Clube Atlético Paranaense iniciou há algum tempo, é constantemente premiada, pois unida a ações efetivas, dará um recall (intensidade da lembrança) para o resto da vida, nos milhares de Atleticanos que foram alcançados por ela. Isso é um verdadeiro case de sucesso, mas a palhaçada espalhada por aí, insiste que não. Paciência – pior do que errar é não aprender com o seu erro e ainda criticar o acerto dos outros.

Aliás, um comentário a parte. Não posso entender alguns dos chamados “atleticanos de berço” criticando os jovens atleticanos que vieram com o marketing. Pessoal, isso é resultado do trabalho de muita gente! Não há nada de mal ter nascido num lar verde e ter descoberto o lado bom dessa vida, só para citar um exemplo. É importante que seja dado valor a isso ao invés de achar que um é mais que o outro, é importante fazer do jovem atleticano um torcedor incorruptível, no sentido de não virar as costas para o time quando as fases ruins se apresentam, porque elas vêm, para todos. Tem mais, não é prerrogativa do povo que veio com o marketing jogar contra o patrimônio, porque tenho visto muito atleticano de berço prejudicando o seu time por causa de picuinhas ou até de falta de educação mesmo. Criticar todo mundo pode, ofender não....mas isso é um assunto para outro pôr-do-sol.

O próximo jogo será contra o nosso xará. A semelhança acaba por aí. Em uma análise honesta, nosso Atlético é melhor, e no ponto em que estamos, nossos objetivos e perspectivas são diferentes. A pressão está toda neles. Neste caso o circo em questão volta a ser o da Roma antiga, serão gladiadores na Arena. Um certo receio me acomete. Das vezes que subestimei o time mineiro, eles nos tiraram de competições importantíssimas. Então, recordo-me que foi há tempos, e nossas vitórias depois disso me fazem superar o receio. Sigo confiante na pujança do melhor Atlético, o Clube Atlético Paranaense.

Devo confessar que um toque de sadismo me ocorre. Me divirto em pensar como ficariam os marcianos se perdêssemos os próximos dois jogos. Imagino o fantasma da segunda divisão fungando no cangote deles, seria engraçado. Porém, não somos palhaços. A nossa parte no “Pão e Circo” é o gol e a vitória no sábado, o alimento da nação atleticana.


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