Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Semana da hegemonia

20/10/2005


Os fatos acontecidos nesta última semana foram marcantes para comprovar a ampla hegemonia do Atlético no estado. Os rivais, que antes esperneavam, contestavam, ou tentavam tapar o sol com a peneira, vão silenciando. Vão se rendendo aos fatos, pois é cansativo brigar contra eles.

Começou na terça-feira. O Coritiba, que ultimamente sobrevive de festas e comemorações que relembram o passado, nem nisso teve sorte. Fez jantar para comemorar o aniversário de 96 anos com telão para ver o time jogar contra o lanterna da competição. Mas quem jantou dentro de campo foi o “Papão”, que bateu os coxas por 2 x 1 e os puxou para baixo da tabela. Enquanto isso, o Atlético, com bom público na Arena, goleava o Brasiliense e subia na classificação.

No sábado, o Rubro-Negro venceu o terceiro Atletiba seguido, confirmando o favoritismo mesmo dentro do Couto Pereira. Houve um tempo em que quando o Atlético estava com o time melhor, não sabia lidar com o favoritismo e acabava sucumbindo. Desta vez, o iluminado Lima e o excelente Paulo André calaram a torcida rival e comandaram a festa atleticana, que se prolongou depois que o jogo acabou.

No domingo, mais um golpe duro para os alviverdes. A Gazeta do Povo publica uma pesquisa ampla e segmentada, comprovando o que várias pesquisas anteriores já apontavam: a torcida atleticana é a maior do estado, com sobras. É maior entre os homens, é maior entre as mulheres, é maior em todos os bairros e em todas as faixas etárias, com exceção dos que têm mais de 60 anos – e mesmo nesta faixa, a diferença é ínfima. Não há mais como negar: a torcida do Atlético é a maior. Ponto.

A superioridade na torcida nada mais é do que reflexo na vantagem patrimonial e técnica que o Atlético leva. Além de ter construído um estádio e um centro de treinamentos que dispensam comentários, o Furacão é o que mais alegra seus torcedores. Nos últimos dez anos, foi o que mais comemorou títulos estaduais (cinco - mesmo com alguns perdidos para a arbitragem), venceu um Brasileiro e foi vice do Brasil e das Américas. Nem se diga a burrice de que “vice não serve pra nada”. Balela. Quem já esteve num estádio ou diante da TV para comemorar a eliminação de um Santos, comemorar a classificação para uma final de Libertadores, ou séries de vitórias como as que quase resultaram no bicampeonato, sabe que essa alegria não se apaga. Não pensem os coxas que a comemoração deles quando terminamos com o vice chega perto de nossa felicidade em cada comemoração. A alegria de disputar títulos: é isso que prende uma torcida.

Se de um lado, como torcedor, só tenho motivos para comemorar esta superioridade cada vez mais evidente, surge um motivo para abrir os olhos: alguns coxas já vão começando a aceitar esta situação e tomando consciência dos seus problemas – o que é o primeiro passo para ensaiar mudanças. O colunista coxa Carlos Alberto “Nego” Pessôa, um dos primeiros a se conscientizar da superioridade atleticana, voltou a suplicar para que o Coritiba acorde, ao invés de tapar o sol com a peneira. Outro colunista, do mesmo site que lançou a risível campanha para chamar o Couto Pereira de “monumental”, também se conformou aos números e analisou as razões que determinam a maior torcida para o Atlético, inclusive no que se refere a estádios: “Com a Arena, o Atlético passou a impressionar os visitantes, protegê-los da chuva e do vento.(...) Depois é preciso resolver alguns problemas crônicos do Couto Pereira, como as saídas de água. No jogo contra o Vasco, por exemplo, me protegi da chuva nas cadeiras inferiores da Mauá, porém sobre a minha cabeça havia um enorme buraco na laje, que logo se transformou numa enorme catarata. E como elas, haviam muitas outras. Ou seja, era um espaço coberto que não protegia ninguém de se molhar.”

Hoje, a maioria dos coxas está calada. Talvez digerindo duramente a já incontestável hegemonia atleticana. Se todos admitirem-na, como fazem os colunistas que acima citei, quem sabe um dia o Coritiba volte a rivalizar com o Atlético. Não de igual para igual, pois isso já vai se tornando impossível, mas quem sabe o abismo diminui e eles podem voltar a sonhar.

Na Igreja

Padrinho de um casamento no sábado, às 19h45, não pude ir ao Atletiba. Assisti o primeiro tempo pela TV, e ouvi o segundo tempo pelo radinho, dentro da Igreja. Ainda bem que a cerimônia ainda não havia começado quando saiu o gol de Paulo André. Contive o grito para não repetir o que vemos em comerciais de TV, mas não escondi o gestual típico de quem comemora um gol. Sofri quando tive que desligar o rádio para fazer a entrada (com sorriso no rosto), e novamente tive que conter o grito quando, já em meu lugar, ouvi o locutor anunciar o "fiiiiiiim de jogo!".

Sorte do noivo, coxa, que irá aproveitar a lua de mel na América Central, bem longe do rescaldo de todo este revés que o Atlético está impondo sobre seu time.

Orkut

A diferença entre a torcida do Atlético e as demais só tende a aumentar. Prova disso é a comunidade Meu filho vai ser Atleticano, que não pára de crescer.


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