Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Don Juan

18/10/2005


Eles chegaram próximos da gente. Foram os que conseguiram rivalizar com a torcida do Clube Atlético Paranaense na pesquisa publicada na Gazeta do Povo. Não estou falando do time "B" ou do time "C", ou seja, o verde e o das Vilas Capanema e Guaíra. Falo dos integrantes do "sem-time futebol clube". Uma massa de curitibanos que chega perto dos 26,8% de torcedores Rubro-negros, ultrapassando o time "B" e o "C" da capital.

Deste povo, uma parte nunca vai mesmo se interessar por futebol. Uma pequena parte odeia o esporte, outra prefere peteca, punhobol ou algo do gênero fervorosamente, outra parte acha o esporte viril demais e alguns consideram-no "um circo armado pelas elites dominantes para a alienação das massas". Outros tantos, numa tarde de domingo ou uma noite de quarta, preferem um bom teatro. Nada contra as preferências aqui levantadas. Só para ilustrar que estes nunca serão torcedores de futebol. Mas tirando estes, sobra um bom número de torcedores a ser conquistado. E o único clube com capacidade para atraí-los é o Atlético Paranaense.

Os números da pesquisa - que não revelam a realidade exata, pois 26,8% dos torcedores de Curitiba ainda é pouco para a pujança da massa rubro-negra - deixam claras algumas coisas. Como o crescimento do Atlético, o encolhimento da torcida do time "B" e a sólida estagnação do time "C", o qual ninguém acha que um dia teve ou mais ou menos do que apresenta. Mas como o único time com torcida crescente é o Atlético, num raciocínio básico, prosaico e simplista, mas com nexo, chega-se a conclusão que é o Atlético o time a conquistar a maior parte da massa dos sem-time.

O Atlético também é o time que mais conquista mulheres. É o Don Juan dos times da capital. Seduz as mulheres com sua alegria, vibração e charme. Com um lugar acolhedor, aconchegante, confortável, onde elas se sentem em casa. Protegidas, seguras, à vontade. Um lugar onde tudo está no lugar, limpo e organizado, como uma fêmea gosta. Que tem comidas e bebidas da melhor qualidade para servi-las. Todas elas vêm em grande número, as lindas, as maravilhosas, as belas, as feias, as velhas, as novas. Todas perfumando totalmente a Kyocera Arena e colorindo cada vez mais Curitiba de vermelho e preto. A pesquisa mostra: 51% da torcida atleticana é delas.

Tenho comigo que, dos vinte e tantos por cento que integram os "sem-time", a maioria é de mulheres. Homem que é homem, nem que não ligue para futebol, tem um time, ou diz que tem. Não estou generalizando, claro. Portanto, o Atlético sai na frente mais uma vez. Se é o time que mais seduz as mulheres, tem mais chance com estas novas gatas. E para conquistá-las, ainda oferece a elas emoções fartas, como títulos quase todo ano e disputas nacionais e internacionais de grande vulto.

Ainda tem a nova geração de atleticanos, meninos e meninas, que o Atlético "rouba" dos rivais. A torcida do Atlético é a que tem o maior número de filhos rubro-negros cujos pais torcem para o time "B", o "C" ou os outros times paulistas, gaúchos e cariocas que aparecem na pesquisa. Eu mesmo conheço vários atleticanos filhos de verdes. Não conheço o contrário. Enquanto a geração de imigrantes de São Paulo vai envelhecendo, seus filhos se apegam aos times da terra. E o time paranaense pelo qual se afeiçoam qual é? Quem adivinhar ganha um doce.

Novas pesquisas virão e só confirmarão aquilo que todo atleticano já sabe: que fazemos parte de uma gigantesca nação, que toma conta de Curitiba e do Paraná e também do Brasil. "Crescei e multiplicai-vos". Este é o lema da torcida do Atlético, o time local que mais seduz, conquista e causa inveja.


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