Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Meu amigo atleticano

15/10/2005


Em primeiro lugar, gostaria de desculpar-me por ser repetitiva. Vou falar dessa coisa que é torcer e isso tem sido tão “batido” ultimamente, que o pessoal está estressado.

Em dia de clássico, poderia estar aqui tratando de aspectos técnicos e táticos, mas tem tanta gente competente para fazer isso que prefiro concentrar-me no que mais gosto e sei fazer, como tantas vezes já disse, que é torcer.

Como todos sabem, paixão é paixão, não tem muita coisa de razão. O fulano (ou fulana) que gosta de futebol pode ser o mais racional no dia a dia, implacável estrategista nos negócios e na vida... é só pisar no campo ou ver o manto rubro negro na TV e é aquela loucura. O coração dá pulos, a hora do jogo não chega, o frio na barriga... e então o apito inicial acaba com a ansiedade. Acaba? Nada! Só muda um pouco, pois aquela “dor de Alien” na sua barriga continua. Durante o jogo e nos dias que seguem são poucas as observações que se salvam, dados os devidos descontos, pois estes residem justamente na total imparcialidade do torcedor. É uma diversão.

E os poucos malucos racionais? Pessoalmente, sinto uma raiva contida daqueles que ainda conseguem racionalizar e dizer “nosso time é muito ruim”, mesmo que lá, nem tão no fundo, ele seja mesmo. É bom ressaltar que, atualmente, não creio que seja o caso e se alguém pensa que é talvez não tenha visto o mesmo Atlético que eu vi pela primeira vez, jogando com o Novo Horizontino, nem me lembro quando.... coisas da tal memória seletiva, pois o time era “qualquer nota”.

Agora, responda rápido, sem pensar: qual o melhor time do mundo?

Se você respondeu qualquer coisa diferente de Clube Atlético Paranaense, meu amigo, minha amiga, vá rever seus conceitos. O torcedor não tem outro. Até a seleção fica em “segundo plano”, pelo menos até a próxima Copa.

O que quero dizer com tudo isso, é que hoje é o dia, como todos os outros em que temos jogos. Se vitória (que eu acredito até o apito final); se derrota: esse é o time que amamos!

E como nunca deixo de ressaltar a genialidade dos que me fazem pensar na vida, coloco aqui algumas palavras de um grande atleticano. Elas são a resposta a um e-mail provocativo das vésperas da final da Libertadores deste ano. Honestamente, essas palavras ficaram gravadas no meu coração e voltam em todo jogo que temos. Com vocês, meu amigo atleticano, Wolmar Marques:

“....você não entendeu uma coisa, NÓS JÁ SOMOS OS CAMPEÕES, porque nós temos orgulho do Atlético, o que para mim é quase tão grande quanto o fato de ser negro.

Graças a ele eu poderei contar aos meus netos (que também serão atleticanos, porque meu filho também é atleticano), causos e casos que marcaram as nossas vidas. Quero sentar na minha da cadeira de praia e contar as emoções que vivemos, além daqueles tradicionais. Já acompanhamos o FURACÂO em muitos buracos. Já estivemos no Pinheirão, em Fortaleza (Copa dos Campeões - que só apanhamos), na velha Baixada, na nova Arena incompleta (estarei na Arena completa), na final do Brasileiro, no jogo de Erechim (onde a van era uma porcaria), em Assuncion. Fui com o meu filho ver a obra e vibramos quando o muro caía.

Sou atleticano e sempre serei atleticano, pois isto faz parte da minha natureza da minha alma. Muitas outras páginas da história do Atlético eu vou acompanhar, junto como meu filho. Talvez o vice da libertadores em 2005, talvez não, talvez.....

Nada disso importa, o fato é que continuarei a ser ATLETICANO. Sou muito grato ao Atlético e sempre apoiarei e "abraçarei" estes heróis que nos permitem sonhar e viver um mundo diferente do dia a dia.

Daqui a 40 anos este mesmo e-mail poderá ser escrito pelo meu filho e daqui a 80 pelo meu neto, porque tenha uma certeza: esta paixão é eterna e nós vivemos os nossos sonhos, não o dos outros.

Só para completar, tenha certeza que isto é verdadeiro: a camisa rubro-negra só se veste por amor.”

É isso, precisa dizer mais?


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