Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

O mundo dá voltas

14/10/2005


No dia 10 de julho, pouco mais de três meses atrás, o Atlético enfrentava seu rival local, em rodada intercalada com a final da Libertadores da América, maior momento do futebol paranaense na história. O rubro-negro amargava números ridículos no campeonato nacional, como o pior ataque, nenhuma vitória e a lanterna isolada. Isso tudo era pouco relevante para a torcida atleticana que sabia que acabado o torneio intercontinental tudo tomaria novo rumo e o time engrenaria, mas para nossos rivais verdes era o supra-sumo.

Propositadamente esquecendo que estávamos na final da Libertadores, cantavam em alto e bom tom que éramos o “lanterna do Brasil” e provocavam-nos com gritos de segunda divisão. O Atlético, pouco preocupado com o clássico, lançou um time misto, quase todo reserva e, comandado por Evandro, venceu a primeira na competição, comprovando a superioridade sobre o adversário. Neste momento, a torcida atleticana retrucava os coxas com grito de “melhor lanterna do Brasil” e o básico “Li-ber-ta-dores”.

Nada melhor do que o tempo para as coisas mudarem de rumo e as situações se inverterem. Hoje, quem agoniza é o coxa, mas ao contrário daquele lanterna Atlético, os verdes não tem nenhuma solução imediata para a recuperação, nem mesmo enxergam uma luz ao fim do túnel. O time é limitadíssimo, novas inscrições são proibidas, o treinador acabou de ser demitido, em uma decisão pouco comum no clube deles, e a única chance de não verem o fantasma do rebaixamento os cutucando é vencer o clássico e ganhar nova motivação com isto. Os próprios coxas sabem que é difícil, pois enquanto o Atlético se apresenta com Tiago Cardoso, Jancarlos, Paulo André, Danilo, Marcão, Alan Bahia, Cristian, Evandro, Lima, Aloísio, Dagoberto e ainda Finazzi, Ferreira e Ticão no banco, eles possuem um time fraco, com jogadores desconhecidos ou em má fase. Não acredito que algum atleticano saiba citar quatro ou cinco titulares do rival, enquanto o time do Atlético é conhecido por todo o Brasil.

Neste sábado, o ex-lanterna do Brasil irá enfrentá-los em seu velho estádio, podendo aumentar o desespero e o medo de ser rebaixado para a segunda divisão. Naturalmente o Atlético deve vencer, mas clássico é sempre repleto de surpresas e por este motivo, o experiente Evaristo de Macedo deve preparar o time psicologicamente. Se jogar de forma inteligente e não se preocupar com as pressões tradicionais dos clássicos naquele local, o Atlético tem tudo para vencer, conquistar mais três pontos e saborear o gosto de vê-los agonizando na porta da zona de rebaixamento.

Portanto, torcedor atleticano, faça o sacrifício de ir ao Couto Pereira, por mais incômodo e pouco prazeroso que seja assistir jogo naquele estádio. Devemos empurrar nosso bom time em cima deles o jogo todo, acuando-os em sua própria casa. Esta é uma oportunidade única de ajudarmos a elite do futebol brasileiro a se livrar do último finalista do bizarro Campeonato de 85. O vice ninguém mais se lembra e se eles caírem, logo estarão esquecidos como o Bangu.


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