Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Comandos em ação

12/10/2005


Inspirado pelo dia das crianças, volto no tempo e folheio o Almanaque dos Anos 80. A geração que acompanhou TV Pirata, Que Rei Sou Eu, Alf e Chacrinha, sabe do que eu estou falando. A maioria dos brinquedos não funcionava na tomada e quando a tecnologia do Odissey invadiu os lares foi uma revolução. Embalado pela nostalgia, recordo dos elencos e dos rivais do Atlético. Quem não sentia raiva das caretas do Lela ou das divididas bisonhas do Fião? E a magistral contratação do Marolla?

Tento fugir do tema mas a capa do Almanaque não deixa. O Bozo não pára de me olhar. Parece que o "Alô, criançada, o Bozo chegou" ainda freqüenta esses ouvidos. Junto com o palhaço vem o filme De Volta Para o Futuro, o tabuleiro do Detetive e o impagável Ritchie com a sua Menina Veneno. Nenhum deles me empolga para desenrolar essas linhas. (Olha que já estou no segundo parágrafo).

Fecho os olhos e lembro dos bonecos do Comandos em Ação. Nunca fui fã desse tipo de brincadeira pois não via graça em fazer guerra com os soldadinhos. Para não ficar fora da turma, tratei de conseguir alguns personagens. Dos mais marcantes, a memória resgata o Falcon e o inimigo Cobra. Na minha mente, já futebolística, era como se um clássico Atletiba fosse disputado pelos bonecos. O bem, representado pelo Atlético, salvava o mundo da invasão dos coxas. O exército verde dava trabalho, mas sempre era derrotado.

Que época! Eu compensava nos Comandos em Ação a fragilidade do Atlético. Sabia que vencer o Coritiba, dentro de campo, era mais difícil do que combater a inflação com o Sarney na presidência. Assim a gente foi levando a vida. Na ilusão de que o embate fictício entre o bem e o mal um dia tivesse um destino real. Talvez ele tenha acontecido em abril de 1995. Mesmo nocauteado por 5 a 1, o lado rubro-negro se reergueu e hoje domina todas as bases, triturando o inimigo.

Falcon e Cobra, dos Comandos em Ação, estão esquecidos. As crianças de hoje custam a saber como se brincava antigamente. A tecnologia, a violência nos centros urbanos e a falta de tempo dos pais, trancaram meninos e meninas dentro de casa. A bolinha de gude e o bete-ombro foram substituídos pelo computador e pelo vídeo-game. Essa nova geração desdenha dos coxas por não saber, mas acreditem, crianças: um dia eles já foram nossos maiores rivais. E no próximo sábado é dia de lembrar disso. Sem guerra, na paz.


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