Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

O Retorno do Rei

03/10/2005


Quando estava prestes a assumir seu posto, no momento em que a história o levava para a glória e a majestade, foi alijado do trono por um rompimento de ligamentos no joelho. A história atleticana teria que esperar para contar com o reizinho da Baixada em suas páginas. E ele fez muita falta, ah! como fez. Alguns triunfos certos transformaram-se em tristes quases. Com ele no campo de luta, os epílogos de jornadas como a do campeonato Brasileiro de 2004 e da Libertadores da América de 2005 poderiam ser diferentes.

Dagoberto Pelentier, o terrível, está de volta. Saiu de cena no cume da forma e prestes a ser bicampeão brasileiro. Volta humilde, jogando pouco mais de vinte minutos em um campeonato no qual as aspirações atleticanas são inversamente proporcionais ao tamanho da grandeza do clube. Mas voltou, e isso é que importa. Voltou mostrando que quer o seu lugar de volta e de tudo o fará para reconquistá-lo. Seu futebol diferente, a personalidade que se mostra na movimentação, no toque refinado, iluminaram novamente o Estado do Paraná, terra carente de um verdadeiro craque a mostrar classe em seus rincões.

Volta mais humilde, mais senhor, apesar de ainda ter vinte e poucos. Volta mais consciente de sua responsabilidade, que cresce quando se é agraciado com um dom. Volta sabendo que terá que comandar e ao mesmo tempo ser mais um. Sabendo que se não usar com sabedoria o dom que recebeu de Deus, poderá ter como castigo uma armadilha do destino, pois foi vítima de uma quando estava prestes a brilhar. Volta sabendo que o maior dos aprendizados é o que acompanha a queda.

A Baixada tem de novo um rei. E que tem muito o que fazer. Só um rei é capaz de promover revoluções, e uma revolução na vida presente do Atlético está prestes a acontecer. O Atlético poderá voltar a ser fulgurante, nesta e na próxima temporada. Longa vida a Dagoberto no Atlético! Que este jovem nos dê as alegrias que sempre esperamos dele mas não tivemos devido às nuanças do destino. Que aqueles responsáveis pelos desígnios de sua carreira saibam que esperamos nada menos que grandes glórias com ele. Se sua presença for abreviada, se tomar outro rumo antes da hora, o povo atleticano pode se insurgir. Um rei é capaz de despertar em seu povo os mais diversos sentimentos. Que Dagoberto, de cetro na mão e coroa na cabeça, assuma o seu posto, com a humildade que deve ter todo grande homem.

Cachorro Grande

Petraglia é cachorro grande. Ele não é mais um, é uma das lideranças do futebol brasileiro, que comanda um clube de ponta, a instituição de futebol mais revolucionária da América. Havia sido absolvido em recente julgamento pelas acusações de ter praguejado contra "bambis assassinos". Tudo levava a uma nova absolvição no julgamento do recurso, quando um escândalo de grandes proporções toma conta do futebol brasileiro. Jogos comprados, sujeira da grossa, protagonizada por um juiz da FIFA. Decisões teriam que ser tomadas pela CBF e pelo STJD para que uma aura de "limpeza" fosse conferida ao campeonato e às instituições que ele o promovem. No meio disso tudo, Mário Celso Petraglia, um homem de envergadura, estava sendo julgado por incidentes banais, causados pela emoção de ver um jogador do clube que estava em grande fase ser agredido e ferido.

Deram-lhe trinta dias de suspensão, punição mínima, mas que foi dada com o objetivo político de mostrar que neste momento, ninguém ficará impune. Mesmo que antes já tenham dado-lhe absolvição. É que Petraglia é cachorro grande, é um símbolo de empreendedorismo e força, a quem muitos admiram e outros muitos têm medo. Nada melhor que punir um cachorrão deste tamanho para mostrar que estão trabalhando. Mas que aproveitem o momento de moralização e trabalhem de verdade e promovam a verdadeira limpeza que o futebol brasileiro está precisando.


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