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Patricia Bahr
Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.
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Justiça seja feita
22/04/2002
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Tem uma máxima no futebol que diz: “todo grande time começa com um grande goleiro”. Nesse quesito, o Atlético está muito bem representado. Às vezes, ao elogiarmos a apresentação do time, esquecemos de reconhecer a boa performance de Flávio, um grande goleiro, talvez um dos melhores da história do Furacão. A bela goleada de sábado, contra o Grêmio, em pleno estádio Olímpico, não teve apenas Adauto e Alex Mineiro como destaques.
O pênalti cobrado por Zinho e defendido por Flávio, serviu como divisor de águas na partida. Após isso, o Grêmio perdeu a cabeça e o Atlético encontrou a tranqüilidade que faltou à equipe em determinados jogos este ano. Arrisco a dizer que se não fosse aquela defesa, o Atlético teria sérias dificuldades no restante da partida. Por isso, considero Flávio o melhor jogador em campo.
Ao assumir a camisa de titular do Atlético, em 1998, Flávio teve que enfrentar diversas barreiras. Substituto do eterno ídolo Ricardo Pinto, ele teve que provar para a nação atleticana seu potencial e muitas vezes foi duramente criticado pela crônica e pelos torcedores. Quem não se lembra daquele fatídico jogo contra o Internacional, em 99, na primeira derrota do Atlético no novo estádio? As críticas e as vaias foram inúmeras e até hoje ecoam a cada apresentação do clube. Com a coragem dos grandes homens, ele deu a volta por cima e provou para todos aqueles torcedores o seu potencial.
Desde que assumiu a camisa um do Furacão, Flávio não ficou sequer um ano sem um título: em 98, conquistou o Paranaense; em 99 a Seletiva; em 2000, o Estadual; e em 2001, o Bi-campeonato Paranaense e o Brasileiro. Nessa trajetória, ele sempre foi o atleta que mais partidas disputou pelo time e, em muitas delas, salvou – literalmente - a equipe. Quem não se lembra daquela semifinal da Seletiva, contra o São Paulo, no Morumbi, quando Flávio “só foi” o melhor jogador em campo, fazendo verdadeiros milagres rumo à final e, consequentemente, à conquista do título? Ou mais atual ainda, nas partidas contra o Paraná, na decisão do Paranaense 2001, aquela pintura de defesa na Arena que culminou com o gol atleticano no contra-ataque? Flávio realmente é um grande goleiro.
Sempre que falam da briga equilibrada por uma vaga no gol da seleção, citam os nomes de Marcos, Dida, Rogério Ceni e Júlio César. Todos bons goleiros, é verdade. Mas me pergunto: o que Flávio tem de diferente de todos eles? Com certeza o goleirão do Atlético tem todos os pré-requisitos para assumir o posto na seleção: tem experiência em grandes competições, já foi campeão diversas vezes, é um excepcional jogador, responsável e que transmite tranqüilidade ao elenco.
Seu trabalho sério, profissional, aliado às boas apresentações no time, deram a ele inclusive o direito de poder errar – na famosa frase “ah, mas ele tem crédito com a torcida”. Nada disso foi de graça. E Flávio, que já viveu o inferno e o céu no Furacão, sabe o quanto dói as vaias e quanto é delicioso sair de campo aplaudido por uma fanática, exigente e apaixonada legião de torcedores.
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