Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

O fim da Era Lopes

25/09/2005


De maneira inusitada, chegou ao fim a Era Lopes no Atlético. Pela segunda vez, o treinador sai do clube após receber uma tentadora proposta. Assim como em 2000, a passagem de Antonio Lopes pelo Furacão pode ser considerada mediana, longe de ser ruim, mas também não excelente. Na Copa João Havelange, com um bom elenco, base do time campeão brasileiro em 2001, o Atlético parou nas oitavas-de-final, contra um Internacional com pior campanha e sem um grande time. Nem mesmo o empate no primeiro jogo no Beira Rio garantiu a classificação atleticana. Agora, o grande mérito do treinador foi motivar e ajeitar o time da Libertadores, alcançando a inédita decisão do torneio continental. No Brasileiro, uma campanha fraca, mesmo com a desculpa do elenco estar focado na Libertadores até a décima rodada.

Antonio Lopes é um treinador competente, com um currículo recheado de títulos e bons resultados, incluindo uma Copa do Mundo, uma Libertadores da América e um Campeonato Brasileiro. Duvidar de sua capacidade é burrice, pois ninguém alcança tantos feitos sem talento para a profissão. No entanto, a sua passagem atual pelo Atlético ficou marcada pelo excesso de mudanças no time e apostas equivocadas. No meio de campo, alterações constantes, provocando um desequilíbrio nesta que é a principal estrutura de um time de futebol. Ao mesmo tempo em que deve ser valorizado por lançar novos valores vindos da base, barrava bons jogadores constantemente, não entrosando o time e deixando todos receosos de que a qualquer momento poderia ser preterido.

Não gostaria de parecer crítico ao trabalho de Lopes, que alçou o Atlético a vice das Américas, mas acredito que este era o momento de sua saída. Felizmente, saiu por vontade própria, mantendo uma boa relação com a diretoria atleticana, que já poderia começar a se incomodar com seus maus resultados, mas teria constrangimento em demitir uma boa pessoa como ele, sempre cumpridor de suas obrigações profissionais frente ao clube. Lopes se foi, abrindo espaço para um novo treinador que poderá iniciar um trabalho para 2006, ano que promete ser positivo para o Atlético, caso o clube ao menos mantenha sua vaga na primeira divisão. Espero que a competente diretoria acerte na contratação de um bom profissional, pois em 2005 vimos que o barato pode sair caro e o time só se acertou quando um treinador renomado assumiu o comando.

A vida do Atlético segue no Brasileiro, com novo comando técnico, mas ainda com riscos reais de rebaixamento. Talvez a saída de Antonio Lopes seja benéfica para o time recomeçar do zero e conquistar os pontos necessários para aliviar-se deste fantasma. Domingo, contra o Flamengo, é uma excelente oportunidade do Atlético mostrar outra postura em campo, vencer e convencer! Terminar o ano “cumprindo tabela” pode parecer ruim, mas será bem melhor do que encerrar a temporada pressionado pela ameaça da queda.


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