Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Volta a ser Diego, Diego!

22/09/2005


Um assunto que vem dando muito o que falar ultimamente é a performance do nosso "um", Diego. Apesar de muitos na equipe atleticana estarem falhando, quando acontece com ele, assunta mais.

Não dá para comparar as falhas do goleiro com as dos zagueiros, assim como não dá para comparar as dos zagueiros com as dos volantes. A partir do goleiro, é um nível decrescente em importância defensiva, afinal, ele é um só e defende a meta diretamente. É parecido ao lateral que erra cruzamentos, se os meias erram cruzamentos, esquece-se, se o lateral erra, fica marcado. Cada jogador sofre com o ônus de suas posições. O meia que erra passes ou prende a bola, por mais que acerte boas assistências eventualmente, se tiver falhas seguidas nesses fundamentos, será crucificado, como o Fabrício, por exemplo.

No caso do Diego, ele estava numa fase excelente, insensada por todos nós, pela mídia nacional e também por seus críticos mais ferrenhos. Mas agora, ele anda inseguro e tomando gols que não tomaria meses atrás. E má fase de goleiro é sempre pior que a de qualquer jogador. É uma posição desgraçada mesmo. Ele chegou com uns dois passos de atraso na bola do Jorge Wagner, do Internacional, naquela falta que foi bem batida, sim, no canto, sim, mas à meia altura. Só bolas no ângulo são praticamente indefensáveis, apesar de ter uns ninjas, entre eles o Diego em boa fase, que eventualmente buscam bolas na gaveta. Mas desta vez, ele não fez o que a torcida esperava dele, que era pelo menos encostar naquela bola. Ele demorou pra ir naquela esfera venenosa. O Diego que a gente conhece, pegava.

A torcida está insegura com ele, e o pior, ele tem ainda o ônus de ser ídolo. Mais um motivo de se esperar dele a infabilidade. Status que a maioria dos goleiros do Brasil não têm. O Diego, inclusive estava sendo cogitado para ser o 3º goleiro da Seleção na Copa. Aumenta ainda mais sua responsabilidade.

Gosto muito do Diego como profissional sério e bom goleiro que é, e pela dedicação às cores Rubro-negras, que demonstra sempre. Mas precisamos reconhecer sua queda de produção. Alguns, lógico, vão pedir, precipitadamente, seu afastamento do time titular. Mas novamente, a resposabilidade é dele. Só ele pode provar que é um grande camisa um. Só ele vai conseguir dar a volta por cima com seu esforço e as atuações que o consagraram.

Assim como ele conquistou com facilidade o adjetivo de ídolo, ele recebe com facilidade duras críticas. Faz parte da vida de goleiro e de ídolo. É assim é que é. Espero, como toda a massa atleticana, que hoje contra o Botafogo ele volte aos seus melhores dias. A torcida quer ver uma de suas atuações espetaculares. Quem mandou ele um dia nos ter presenteado com elas. Agora agüenta.

Como diria a música de Jorge Ben, atual Benjor, cantada por Gal Costa:

Eu vou lhe avisar
Goleiro não pode falhar
Não pode ficar com fome
Na hora de jogar não, não
Se não é um frango aqui
Um frango ali, um frango acolá
Já vai tarde mais um articulador respeitado
Com autoridade baleada
O peso do destino
Na mira da lei, na marca do pênalti
O fim de um charme discreto e nublado
Trivial...


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