Silvio Rauth Filho

Silvio Rauth Filho, 49 anos, descobriu sua paixão pelo Atlético em um dia de 1983, quando assistiu, com mais 65 mil pessoas ao seu lado, ao massacre de um certo time que tinha um tal de Zico. Deste então, seu amor vem crescendo. Exerce a profissão de jornalista desde 1995 e, desde 1996, trabalha no Jornal do Estado. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2009.

 

 

Um novo Petraglia

28/08/2005


Petraglia ficou meses calado, mas nesta semana decidiu voltar a falar com a imprensa. Acompanhei atentamente três entrevistas do dirigente: uma na CBN, outra na Banda B e a última na Transamérica. Confesso que, nas declarações, conheci um novo Petraglia.

O primeiro ponto positivo foi o fato de voltar a dar entrevistas. Como dirigente, ele precisa usar essa importante arma, que é a imprensa paranaense, para se defender da máquina de guerra que é a mídia do "Grande Eixo" (Rio, São Paulo e outras plagas).

A primeira surpresa positiva foi seu depoimento a respeito da confusão na Arena, no jogo com o São Paulo. Ele foi convincente e rebateu com argumentos sólidos toda a choradeira do desesperado adversário. Mostrou ser sincero, ao admitir ter ofendido o rival, e demonstrou humildade, ao pedir desculpas à torcida atleticana pelo que chamou de "momento de descontrole".

Creio que todos os torcedores aceitaram esse pedido e entenderam o nervosismo do dirigente ao ver Fabrício, um sujeito pacato e de excelente caráter, ter sido agredido por um golpe baixo, sujo e desleal. Conheço o Fabrício e confesso que, se eu estivesse no lugar de Petraglia, teria feito muito pior. Para a sorte dos atleticanos, o clube não é dirigido por pessoas "normais" como eu, mas por sujeitos tranqüilos e frios como Petraglia. É preciso ressaltar que, por mais equilibrado e calculista que o dirigente seja, ele ainda é um ser humano e, por isso, tem limites diante de tanta falta de hombridade e de dignidade.

Ainda sobre a agressão, Petraglia lembrou de outro episódio na Arena, em 2003, quando Igor foi arrebentado pelo truculento Lugano. E lançou uma questão muito interessante sobre o golpe cafajeste de Alex em Fabrício. "Imagino se tivesse sido ao contrário, o que a imprensa paulista teria feito", declarou. É possível responder, lembrando de 2001, quando uma campanha anti-Cocito tomou conta dos jornais e rádios de São Paulo. Isso porque, naquele caso com o Kaká, tudo ocorreu por causa de uma falta que deve ser considerada como limpa e suave se for comparada ao golpe criminoso de Alex.

Ainda sobre o duelo com os "bambis", Petraglia lembrou da falta de estrutura do desorganizado Morumbi, onde o zagueiro Serginho morreu sem qualquer amparo. Citou a decisão da Libertadores, quando a delegação do Atlético foi cercada por torcedores rivais e só conseguiu deixar o estádio às 2 da manhã.

Foram importantes também as justificativas de Petraglia sobre sua última entrevista coletiva, quando atacou a imprensa. O dirigente admitiu ter sido injusto ao generalizar as críticas, o que, na minha modesta opinião, já serve como um pedido de desculpas.

Mas a declaração que mais chamou minha atenção foi sobre o poder dos atleticanos. "O São Paulo fugiu da Arena porque sabe a magia que o estádio tem, a força que o nosso torcedor transmite aos jogadores", disse. Fiquei embasbacado ao ver Petraglia reconhecer a relevância dessa nação apaixonada, depois de ter comprado tanta briga, exatamente por negar isso. Foi surpreendente e, depois de tantas novidades, estou muito convencido que o Atlético só tem a ganhar com o recomeço desse "romance" entre Petraglia e a torcida.


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