Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Fabrício, nosso campeão

24/08/2005


Ele chegou no Atlético em 2002 e não mostrou um bom futebol. Integrou-se ao elenco em um momento delicado, em que o Atlético ainda comemorava o título brasileiro de 2001, mas teria que reestruturar o seu meio campo devido à saída de Souza. Fabrício tinha essa terrível missão e não rendeu. Foi muito criticado, inclusive por mim, e após dois anos deixou o Atlético.

Muitos torcedores, inclusive eu novamente, gostaram da idéia de não ver mais Fabrício atuando pelo rubro-negro. “Que bom, Fabrício foi embora”, este era o pensamento de grande parte da torcida atleticana. Mal podíamos imaginar que seu retorno já tinha data marcada.

E assim aconteceu. Não entendi direito quais eram as pretensões de Fabrício logo no início de 2005, quando publicamente ele confirmou que estaria retornando ao Atlético, desta vez para ser titular e jogar o seu futebol. Por um momento fui invadido por uma série de dúvidas e cheguei até a imaginar uma certa arrogância na declaração do atleta. Só mais tarde fui descobrir que de arrogante Fabrício não tem absolutamente nada!

Cumprindo sua palavra e com o apoio da diretoria e comissão técnica, Fabrício iniciou este ano como titular e aos poucos começou a nos provar que a evolução do seu futebol era evidente. Mesmo assim, faltava algo mais, algo muito importante, algo que qualquer jogador profissional do Atlético precisa: cair nas graças da torcida. E foi em um jogo do campeonato paranaense, contra o Londrina, que a Baixada pela primeira vez gritou o seu nome durante uma partida. Em tarde de paz, Fabrício fez um golaço encobrindo o goleiro do time do norte e jogou um futebol brilhante. Agradeceu a torcida e foi no embalo da galera, levantando os braços e pedindo o apoio, agora da sua aliada torcida.

O mineirinho se firmou na equipe, fez uma excelente Copa Libertadores, tornando-se fundamental na campanha do vice-campeonato. Mostrou uma incrível superação e também mostrou personalidade, ao bater um pênalti debaixo de setenta mil adversários na decisão da América. Tenho certeza que este episódio fez Fabrício crescer como pessoa e como profissional. Por um instante eu perdi a cabeça com Fabrício, mas isso não durou nem trinta segundos. Não só ele, mas toda a equipe do Atlético, estava repleta de créditos, e não seria justo encontrar em Fabrício a cruz da derrota. Pelo contrário, ele foi um dos únicos que voltou para o segundo tempo apresentando um bom futebol. Isso é personalidade!

No último sábado Fabrício foi vítima de algo inesperado. Eu apostava que aquela seria a noite de Fabrício, mas em um lance extremamente infeliz, Alex do São Paulo pegou o atleta rubro-negro de jeito, deixando o nosso valente jogador fora dos gramados por aproximadamente 60 dias. Uma bola dividida no meio de campo fez Fabrício pagar o preço da deslealdade alheia. Mesmo que tenha sido um lance duro, Alex entrou “pra rachar”, em clima de guerra (como muitos dizem), enquanto Fabrício estava em clima de vontade e determinação. Somente a ilustre imprensa paulista e a companhia Neves & Morsa para chegar ao absurdo de alegar que a maldade teria partido do jogador do Atlético ou que o mesmo teria “solado” ao invés de dividir a bola. Quanta barbaridade!

O choro de Fabrício já anunciava um futuro não muito positivo. Não deu outra. Lesão no ligamento colateral medial e fratura no plano lateral da tíbia. O jovem jogador que já chegou com um desafio no início do ano, respira aliviado por não precisar passar por cirurgia e encontra mais um desafio pela frente: o desafio da recuperação e da volta aos gramados o mais breve possível.

Fabrício, eu que te critiquei muito e vi você me provar o contrário, fico muito triste, assim como toda a nação atleticana, em saber que na tua melhor fase no Atlético você nos deixará por um tempo. Tenho certeza absoluta e estou convicto em afirmar que tudo serve como uma bela lição e experiência de vida. Deus te expôs mais uma vez a um grande teste de superação, e como guerreiro e sabedor das coisas divinas, além da grande pessoa que você é e grande coração que possui, vai superar mais este momento difícil da sua carreira.

Fica tranqüilo Fabrício! Sua recuperação agora está em primeiro plano, é prioridade certa em sua vida. Em breve você retornará aos gramados e terá a torcida do Atlético, a sua grande aliada, de braços abertos para um novo tempo. Não tenho dúvidas de que juntos, vamos ter muitas e muitas alegrias.

Boa sorte, campeão!


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