Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Um monstro chamado Petraglia

23/08/2005


Ele é mau, muito mau! Tem olhos esbugalhados e usa óculos feios, muito feios! Tem voz grossa e gosta de falar alto, muito alto. Aliás, ele é alto, muito alto. Enfrenta com veemência algumas pessoas que discordam dele e muitas vezes peca por falar o que pensa, sem medir as conseqüências.

E pelo jeito coloca medo nos outros. Muito medo!

Ele é bravo. Aliás, brabo de brabeza e bravo, de bravura. Não concordo com algumas atitudes suas, principalmente quando se mete no futebol, dá palpite no time e contrata errado. Mas vender ele vende bem, isso sabemos.

Já fiquei muito chateado com ele, principalmente quando supostamente virou as costas para a torcida. Justo a torcida atleticana que o comoveu fazendo-o assumir o clube em 1995. Justo a torcida que incondicionalmente o apoiou no episódio Ivens Mendes em 1997. Justo a torcida que é motivo de orgulho, que ajudou nas inúmeras construções e reconstruções do Joaquim Américo, que compra pacote, compra até pedra, paga caro pela camisa e tem o ingresso mais caro do Brasil e mesmo assim comparece em grande número.

Mas esse ano ele mudou. Continuou sendo a Eminência Parda dentro do Atlético, voltou a aparecer e fazer do rubro-negro uma força internacional. Reconheceu erros, ainda que não tenha consertado todos (o que é humanamente impossível), foi atento, humilde e sábado passado voltou a ser o torcedor que todos nós sabemos que ele é.

Ao simplesmente xingar, mesmo que de forma abrupta e num lugar onde talvez não coubesse o fazer, nos representou dignamente. Se o médico tricolor, o mesmo que parece responder solidariamente pela morte do zagueiro Serginho do São Caetano, o mesmo responsável pelo departamento médico de um clube que sequer possuía um desfibrilador em seu “magnífico estádio”, ficou nervosinho porque foi ofendido, o problema é dele.

Engraçado ver alguns áulicos do bom mocismo falando agora. É como ver alguns políticos, hoje oposição, apenas criticarem as constantes trapalhadas do atual governo do PT. É engraçado ver o “Mário Brother”, Dr. Marco Aurélio Cunha falando das condições da Baixada, como se houvesse sido deletada de sua memória as agressões entre policiais e torcedores argentinos com aqueles bancos de praça dentro do Morumbi. Divertido também é ver que o Dr. Cunha parece não rememorar que ano passado jogadores da Ponte Preta passaram sufoco DENTRO do estacionamento do estádio tricolor, que ainda reserva pedradas e mais pedradas para o ônibus da delegação visitante.

Na Baixada a pressão é no grito, na força das arquibancadas, na paixão de um povo que canta o tempo todo, que vibra, que fez o primeiro mosaico de torcida brasileira, que usa faixas, bandeiras, que pinta o rosto e colore o estádio com sua paixão. Não é a pressão que usa violência, coação, transformando-se numa pressão negativa fazendo do campo tricolor a verdadeira “La Bambi neira” do país.

Petraglia foi um de nós naquele momento, revoltado por saber que Fabrício, uma aposta sua como dirigente, ficará de fora durante um longo tempo pela violência de um adversário desleal. Ainda mais agora, que o moço que vem calando bocas, inclusive a minha, passava por grande fase.

Petraglia é duro, um tanto autoritário, insistente, teimoso e até mesmo briguento. Mas possui a maior qualidade que alguém pode ter: um coração atleticano. As diferenças que esse humilde escriba possa ter com Ele são pequenas diante da grandeza de nosso Atlético.

Presidente, obrigado por sábado!

ARREMATE

Os olhos pequenos escondem uma grande alma.


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