Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Simples assim

18/08/2005


Gostaria de estrear minha coluna com o melhor texto que já escrevi. No entanto, minha inspiração sofreu duros golpes com as últimas apresentações do nosso querido time. Não estou desanimada, só meio irritada e intrigada com algumas coisas, mas vamos lá.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer tudo aquilo que vocês já sabem: é uma honra para mim ser mais uma mulher colunista do melhor site cujo tema é o Atlético Paranaense. Não há militância feminista nas minhas palavras. Sou apenas uma mulher que gosta de futebol e ama o seu time. Assim, bem simples. Seguindo a lenda da passionalidade feminina, afirmo que meus textos serão sempre com base na minha paixão pelo Furacão da Baixada. Assim, outro clichê que lanço a vocês é aquele de político: não possuo compromisso com ninguém, seja torcida organizada, seja diretoria; só com minha paixão, simplesmente. E nesse ponto, creio eu, é onde nos igualamos.

Voltando ao futebol puro e simples, estou tentado achar explicações para o que aconteceu nas últimas três partidas. É, eu disse três, porque apesar de termos ganho do Cruzeiro naquele jogo eletrizante, nosso queijo de minas quase azedou, não fosse por aquele gol já nos acréscimos.

Alguém, por favor pode me explicar como um time que está ganhado de 4 a 2 até o 21º minuto do segundo tempo deixa o adversário empatar e quase perde o jogo? Como um time que nos primeiros minutos de jogo faz 1 a 0 num dos piores times que já vi na vida e recua, como se fosse ele o último colocado da tabela? Alguém me diga o que falta, então?

Eu digo: simplicidade. É isso aí. Não é humildade, não é respeito pelo adversário, nem aquele discurso pré-jogo que todo mundo tem (pelo menos na teoria). Estou falando de nada tão especial. Só simplicidade.

É básico. Se sabemos que não temos uma técnica primorosa, vamos com a vontade de ganhar aliada àquilo que sabemos fazer. Se temos problemas de substituição, ora, vamos começar a preparar pessoas para eventuais emergências, vamos com o que temos, sem drama. Se estamos perdendo, não vamos ficar tocando a bola no campo de defesa como se estivéssemos tranquilos. Se buscamos o gol, não vamos ficar tentando toque de letra, se basta só um pouquinho de visão de jogo que o gol sai. Se a Fifa diz que carrinho não pode, não dê carrinho, porque não será tolerado. Ponto! Deu! Foi!

Em qualquer campo da vida, é necessário que todos nós tenhamos ciência de nossas dificuldades. A gente tem que se assumir, isto não quer dizer resignar-se. É fato que apelido só pega quando o apelidado se incomoda, então queridos jogadores do CAP, não aceitem a alcunha de limitados. Por mais "gaveteiro" que seja um juiz, não fiquem reclamando por faltas e pênaltis não marcados, levantem e "bola pra frente". Essa coisa de perseguição é desculpa das mais esfarrapadas para não colocar raça nas chuteiras. Que o Atlético Paranaense incomoda, a gente já sabe, mas isso é assunto batido. Em noventa minutos a ordem é: não desistir em hipótese alguma.

Não estou estimulando futebol medíocre, pelo contrário. O Atlético quando é simples, é mágico! E é assim que estou acostumada a vê-lo: aguerrido, marcando saída de bola no campo de ataque, atacando com velocidade, ignorando provocações, jogando na coletividade. Enfim, fazendo o seu, não importa o que o adversário faça. Simples assim.

Para finalizar, gostaria de citar uma frase, cuja autoria é desconhecida para mim: "Para se ter êxito, não é preciso fazer coisas extraordinárias. Basta fazer coisas ordinárias, extraordinariamente bem".


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