Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Uma década

15/08/2005


Tudo se passou em uma década ou um pouco mais. Ainda me lembro bem da conquista do tetracampeonato nos Estados Unidos. Era o primeiro título mundial que via e vibrava com os gols de Romário, com a liderança do Dunga e com as defesas do frio e sempre bem posicionado Taffarel. Na volta para o Brasil, recordo-me da torcida do Galo Mineiro, lotando as ruas de Belo Horizonte para recepcionar seu grande ídolo recém-contratado e cantando, imitando o narrador Galvão Bueno: "el, el, el, vai que é sua, Taffarel!"

Sonhei em ter um jogador campeão do mundo no meu Atlético. Quem sabe o Bebeto não jogaria uma temporada, lá pelo final da carreira, aqui no Rubro-negro? Pois bem, em 2002 tivemos como titular na conquista do penta um jogador nosso, que brilhou com a camisa 15 e foi, ao lado do Ronaldo Fenômeno, o melhor jogador da final. Kleberson estava lá honrando nosso time, no auge de sua forma física e técnica.

Lembro também que acompanhava o campeonato italiano. As narrações malucas de Silvio Luiz nas manhãs de domingo na Band eram impagáveis e eu fazia as minhas também em meus jogos de futebol de mesa. Sabia decorada, a escalação dos 30 principais times do país, além dos 8 times que mais gostava no italiano. Dentre eles estava a Sampdoria, simpático time genovês cujo estádio era um San Siro, aquele em que desfilam os craques do Milan e da Internazionale, reduzido. Dois anéis, torcida próxima, torres de sustentação e eu vendo aquilo pela TV e imaginando em um dia entrar num templo assim.

Pois bem, certo dia um homem, indignado pela derrota de cinco gols sofrida ante o maior rival, mudou os rumos do futebol rubro-negro e nos deu um estádio como aquele. A hoje Kyocera Arena é mais do que um simples mortal como eu sonhou em ver um dia.

Lembro de ver o fantástico time de Telê Santana jogando a famosa Copa Libertadores da América. Torcia para que vencessem uruguaios, argentinos, chilenos e paraguaios, afinal, o tricolor era o Brasil na Libertadores! E uma década depois estou eu, lá no gigantesco Morumbi, dessa vez não para torcer para o São Paulo, mas justamente o contrário: vendo o meu Atlético fazendo a primeira final genuinamente brasileira do maior torneio continental interclubes.

Em uma década muita coisa muda!

Arremate

Há feridas que curam com o tempo; outras nem uma década cicatriza.

* homenagem à minha irmã Ronise, cujo acidente que quase lhe custou a vida foi há exatos dez anos.


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