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Bruno Rolim
Bruno Rolim, 42 anos, é bacharel de Turismo e jornalista. Filho de coxas, é a ovelha rubro-negra da famÃlia. Descobriu-se atleticano na final do Paranaense 90, com o gol do Berg. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2007.
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O Atlético, entre Bragantinos e São Caetanos (1*)
13/08/2005
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O Clube Atlético Paranaense é inegavelmente o clube que apresentou maior crescimento nos últimos dez anos, seja no âmbito estrutural ou esportivo. O clube que disputava com uma irritante irregularidade a primeira divisão, passando vários anos jogando divisões inferiores, hoje está estabelecido entre os grandes do futebol brasileiro. É interessante fazer um exercÃcio de memória, e relembrar do inÃcio da década de 90 - perÃodo negro na história do clube. Em 1990, o Atlético havia acabado de cair para a segunda divisão, e em uma campanha baseada na raça, conquistou o acesso à primeira divisão. Curitiba entrou em festa naquela época - o Atlético era então o único paranaense na primeira divisão, visto que seu rival havia sido rebaixado para a terceira divisão.
Os anos de 1991 e 1992 foram irregulares, onde o Atlético era considerado como um clube local, que tinha pretensões de apenas ficar na primeira divisão do Brasil. Vitórias contra Flamengo, Fluminense e Grêmio foram comemoradas como se fossem feitos históricos. Quando qualquer um dos grandes vinha jogar no Pinheirão, um empate já era considerado um ótimo resultado - especialmente naqueles tempos em que a vitória valia dois pontos. Em 1993, este pensamento acabou por soterrar o Atlético, que acabou novamente rebaixado, e disputou a Série B em 1994 e 1995. O ano de 1995 marcou o ressurgimento do Atlético, que escapou do ostracismo para atingir nÃveis nunca antes alcançados ou sequer imaginados pelo torcedor. Ou alguém, após perder de forma humilhante um clássico por 5 gols a 1, para seu rival, que também não apresentava o melhor de sua forma, imaginava que no espaço de 10 anos o clube disputaria três edições da Copa Libertadores da América, sendo finalista de uma delas, e vencendo um Campeonato Brasileiro de forma brilhante?
A realidade do futebol brasileiro havia mudado: o outrora romântico futebol, que não tinha preocupações econômicas, passou a ser visto como um negócio, onde o clube com finanças melhor estruturadas tem maiores condições de se firmar na elite técnica do futebol - e o Atlético está captando seu espaço desta forma. Muitos comentaristas e torcedores rivais - especialmente torcedores de clubes que já estavam estabelecidos como grandes - desdenham até hoje o Atlético, o considerando um novo Bragantino ou São Caetano. Esta comparação, além de mostrar um enorme despeito, é incorretÃssima, até pela realidade destes outros dois clubes do estado de São Paulo.
O Bragantino é um clube de uma pequena cidade do interior de São Paulo, Bragança Paulista. Tem um número Ãnfimo de torcedores, e era sustentado basicamente por uma famÃlia, os Chedid. Bastou os investimentos cessarem, e o Bragantino definhou, hoje anda em divisões inferiores do futebol paulista. Guardadas as devidas proporções, foi como um Matsubara. Já o São Caetano apresenta uma boa sustentação econômica, por algumas empresas grandes e pela prefeitura municipal. Também não apresenta torcedores - as médias de público do Azulão são absolutamente ridÃculas. Sabe-se que, caso esta sustentação econômica se perca, o São Caetano não teria condições de se manter no topo.
O Atlético é um clube que tem várias grandes diferenças em relação a estes outros clubes: torcida. O Atlético é um clube que sempre foi considerado grande em âmbito estadual, e, ao contrário de Bragantino e São Caetano, capitalizou bem seu lucro e seu crescimento, investindo em dois fatores que serão fundamentais na definição dos grandes clubes do futuro: um estádio moderno e um CT entre os melhores do paÃs. O Atlético criou uma estrutura financeira e técnica que, com o apoio de seus torcedores, sustenta e continuará sustentando o crescimento e posterior manutenção do Atlético entre os melhores do paÃs. O clube que era visto como um eterno lutador pela permanência na Série A hoje é visto como candidato ao tÃtulo, em qualquer competição que disputa.
Sim, é extremamente complicado concorrer contra clubes que recebem maiores cotas de televisão e patrocinadores com maior valor. O Atlético não recebe pouco como um Paraná ou uma Ponte Preta, mas não recebe uma quantia sequer próxima a de clubes como São Paulo, Flamengo e Corinthians. Como fazer para reduzir esta diferença? Investindo em formas particulares de captação financeira. O estabelecimento dos pacotes, em 1999, foi uma das mais brilhantes jogadas do clube, que passou a receber a confiança dos seus torcedores, que compram todos os ingressos do campeonato em um único ato, por um preço menor que o praticado em jogos individuais.
(continua na próxima semana - esta será uma coluna escrita em duas partes, pois seu tamanho ficou muito grande)
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