Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Kelly e Adriano

07/08/2005


Depois da estupenda vitória sobre o Cruzeiro, o que mais se comenta na torcida atleticana é sobre o comportamento dos ex-atleticanos Kelly e Gabiru, responsáveis por três gols do Cruzeiro. Teria algum deles, ou ambos, faltado respeito com o Atlético?

Kelly foi ídolo no Atlético pelos seus lances de extrema habilidade, pelos títulos estaduais, e pela atuação na primeira Libertadores disputada pelo Clube. Adriano foi mais longe, foi um dos principais responsáveis por nossa maior conquista, o Brasileirão de 2001. Apesar de alguma polêmica na sua não permanência no Clube em 2004, entrou para a história como um dos maiores ídolos da história atleticana.

Achei legal a atitude, partida da organizada, de gritar o nome de ambos os jogadores. Por mais que hoje estivessem do lado inimigo, existe um sentimento maior, uma virtude maior, que é a gratidão, o reconhecimento por aqueles que nos prestaram respeito e nos deram alegrias. Kelly, inteligente, entendeu e reconheceu a homenagem. Adriano preferiu ignorar, o que não foi bem aceito por grande parte da torcida.

Acho que não é pra tanto. Sempre soubemos que o Gabiru é uma pessoa simples, de origem mais que humilde, e sua cabeça não é das melhores. Daí podemos entender a dificuldade do jogador em saber como agir nesse momento. Ele, que já andou se estranhando com a torcida do Cruzeiro, seu atual clube, poderia ficar em situação ainda mais delicada com os mais radicais se retribuísse o gesto dos atleticanos. E acho que Adriano mostrou o respeito que tem pelo Furacão quando, ao marcar seu gol, desistiu de comemorar na frente dos atleticanos, deu meia-volta e foi festejar com os cruzeirenses.

Kelly comemorou, e bastante, na frente da torcida do Atlético. Mas também não acho que houve desrespeito. O que temos que considerar é que hoje Kelly e Adriano são jogadores do Cruzeiro; é o clube mineiro que paga seus salários e é na torcida deles que os jogadores têm que pensar em agradar em primeiro lugar. Sem falar que marcar gols em um jogo eletrizante como este deve ser algo de mexer com as emoções de qualquer um.

Deixando o radicalismo de lado, todos nós podemos manter a boa imagem que Kelly e Adriano deixaram na história atleticana. Já é difícil construirmos ídolos verdadeiros, não é por pouca coisa que devemos destruí-los. O que fizeram (principalmente o Gabiru) pelo Clube não será apagado tão fácil. Precisaria da falta de respeito e caráter de um Tuta ou um Nélio para merecer nossa deserdação.

Viva Voz

Após o jogo, ontem:

- Alô?
- Fala, atleticano. Quanto deu o jogo de vocês?
- Putz... levamos 4 do Cruzeiro...
- Hahahaha se f... bem feito!
- Mas fizemos 5, seu troxa, se f.... você hahahahaha!


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