Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Dagoberto, o novo Robinho?

31/07/2005


Pode-se falar o que quiser do Santos, de sua torcida e sua estrutura, mas é inegável que figura entre os grandes times do planeta, ao lado de Real Madri, Boca Jrs., Juventus e Milan. Quando um jogador como Robinho troca o Santos pelo Real Madri, a despeito das diferenças econômicas entre Brasil e Espanha, não é, de maneira alguma, a mesma coisa que sair do Tabajara para o Milan. Vai jogar na Europa, tudo bem, mas vai jogar em um time tão grande quanto aquele em já atua. Santos e Real Madri possuem grandezas semelhantes. Robinho não vai dar nenhum salto em sua carreira. Presença certa na Copa do Mundo de 2006, se ficar na reserva do Real pode ficar de fora da Seleção.

Se Robinho pode estar fazendo um mau negócio indo para o todo-poderoso Madri, imagine o quão grande é a besteira cometida por gente como Jadson e Fernandinho: sair do Atlético, um dos maiores times do continente atualmente, para se enfurnar no obscuro Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. Claro, eles tinham seus motivos, a maioria financeiros, mas não deixa de ser uma grande bobagem. Mesmo a ida do ídolo Washington para o Japão se enquadra nestes exemplos.

Jadson é, para mim, um craque com o potencial de um Zico. A bola gruda em seus pés como colava nos pés do Galinho, que partia do meio-campo driblando Deus e o mundo. Em pouco tempo estaria na Seleção; o próprio Parreira afirmou ser fã de seu futebol. Fernandinho, por sua vez, era tido como um novo fenômeno por alguns drigentes do Atlético. Gente graúda apostava alto nele (e ainda aposta, de certa forma). Um gol seu nos deu o Mundial Sub-20 em 2003. Fez um Brasileiro e tanto ano passado. E Washington é simplesmente o único ídolo nacional que rivalizou com Robinho nos últimos três anos. O "Coração Valente" apareceu mais na televisão ano passado que o mala das Casas Bahia. Foi tema de um sem número de matérias e entrevista nos programas esportivos. A imagem do atacante batendo no peito após marcar um gol era onipresente nos telejornais. Um ídolo acima de tudo atleticano.

Os tempos de fama se foram. Escondidos na Ásia e na Europa Oriental os três craques nadam em grana, mas não têm a mínima chance de integrar a Seleção Brasileira, de fazer história em uma Copa do Mundo. O que é uma pena. Kleberson mostrou que se prestarem atenção nos jogadores paranaenses o retorno é garantido. Mudou a cara da Seleção depois que entrou contra a Bélgica e entrou para a história como o melhor jogador da final ao lado de Ronaldinho (não sou eu quem fala isso, é o crítico do O Globo, Arthur Dapieve. Mas eu concordo). Por mais que tenha depois se transferido para o Manchester e mostrado pouca bola, jogando pelo Brasil Kleberson sempre esteve impecável, até na última Copa América. Jadson, Fernandinho e Washington jogaram a mesma chance no lixo saindo do Atlético. Em suma, fizeram um mal negócio a longo prazo.

É o que Dagoberto pode estar fazendo neste instante. Seu desisteresse pelo Rubro-negro está se tornando cada vez mais evidente. Até agora o torcedor atleticano só tem o que agradecer a Dagoberto. Como não somos santistas e são-paulinos, que têm por costume escurraçar os ídolos do clube, vamos apoiar Dagoberto até seu último minuto vestindo a camisa da raça, o manto rubro-negro. Mas é bom saber que se realmente estiver corpo mole para sair do Atlético o maior prejudicado será ele mesmo. Já se foram os tempos em que jogadores saíam do Atlético para brilhar em outros times. O Furacão e seus jogadores estão no topo do futebol. Longe daqui a queda pode ser grande. E não há dinheiro suficiente para amortecer a dor de ficar fora de uma Copa do Mundo.


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