Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Aqui se faz, aqui se paga!

28/07/2005


O Vasco da Gama de Eurico Miranda mandou no futebol brasileiro por muitos anos. A maneira que dirigia o seu clube era admirada por alguns, repreendida por muitos, mas dessa forma o Vasco ganhou títulos nacionais e internacionais e figurava sempre entre os candidatos em qualquer competição. Alguns fatos marcantes dessa gestão foram a reversão da expulsão de Edmundo na final do Brasileiro de 1997 e a impunidade do dirigente e do clube na queda do alambrado de São Januário, em 2000. Desde 2001, o Vasco não ganha mais nada, de figurão passou a coadjuvante e, a partir de 2004, transformou-se em sério candidato ao rebaixamento. A desorganização é total e o seu presidente não é mais levado a sério. Nem mesmo a CBF ou boa parte de conselheiros e torcedores do Vasco da Gama atura o Sr. Eurico Miranda. O tradicional clube carioca está fadado ao rebaixamento e nas trevas da segunda divisão penará para voltar à elite do futebol brasileiro. A mesa já não vira mais e no campo o caminho é árduo, que o digam Sport, Grêmio, Vitória e Bahia.

Em 2004 o Vasco ficou marcado na história do Atlético. Uma lembrança negativa, de um jogo onde o Furacão poderia ter saído bicampeão nacional, mas foi desrespeitado pelo clube carioca e seu principal dirigente. A torcida que foi ao Rio, em 20 ônibus, ficou presa em uma das linhas coloridas da Cidade Maravilhosa (me escapa da memória se ficamos na Linha Amarela ou Vermelha), por determinação expressa de Eurico Miranda que não garantia a segurança dos atleticanos em São Januário. O estádio estava lotado, com 40 mil pessoas apesar de afirmarem ter vendido algo em torno de 15 mil ingressos. Nos vestiários, o time sofreu tanto quanto a torcida e dentro de campo uma festa: tinha dirigente, torcedor e inúmeras crianças atrás dos gols. Esses pequenos vascaínos desafiavam os policiais militares e atiravam tudo que tinham por perto na torcida rubro-negra. O Atlético sentiu a pressão e não superou o Vasco, entregando o título para o Santos. Mas a derrota e o tratamento vascaíno ficaram guardados e um dia eles pagariam por isso. A torcida atleticana é civilizada, não descontou em inocentes torcedores rivais, mas o time foi mal educado e mostrou em campo que não respeita um time fraco como o Vasco. Fez sete, mas podia ter saído da Kyocera Arena com mais de dez, tamanha fragilidade do adversário.

O Atlético deu uma verdadeira aula de futebol pro Vasco, mostrou que o esporte hoje é profissional e que um clube bem administrado e com a força de uma torcida apaixonada, como a atleticana, vai ser referência daqui pra frente. O Atlético está muitos passos na frente da maioria dos times brasileiros e abre vantagem cada vez maior. A comemorada ameaça de rebaixamento por nossos invejosos rivais foi apenas uma nuvem passageira. Um time como o Atlético, estruturado e com bons jogadores, não corre o risco de cair para a segunda divisão. O bicampeonato brasileiro ou a vaga para mais uma disputa de Libertadores da América, infelizmente foram adiados, mas raramente veremos o Furacão longe da disputa do título de qualquer competição que dispute. Essa é uma nova era onde Vasco, Fluminense, Atlético-MG e cia viverão pagando pelo que fizeram no passado. O Atlético já é um dos grandes, mas alguns ainda custam a reconhecer. Enquanto isso, continuarão levando pauladas e achando que o Furacão não é tão perigoso assim.

Certo fez o ídolo Romário que, ciente da fria que era jogar no Caldeirão da Baixada, reservou a quarta-feira para sua mulher em seu luxuoso apartamento na Barra da Tijuca.


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