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Ricardo Campelo
Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.
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No filme “SE7EN”, de David Fincher, o psicopata John Doe, interpretado por Kevin Spacey, comete assassinatos seguindo a ordem dos sete pecados capitais e, de certa forma, atribuindo cada um deles às suas vítimas.
Impossível deixar de lembrar desta trama diante da humilhante goleada aplicada pelo Atlético sobre o Vasco da Gama de Eurico Miranda. O Atlético, se não assassinou o time carioca, impôs-lhe o maior revés em um campeonato brasileiro, e o afundou ainda mais na zona de rebaixamento. O Vasco, ontem, na Arena, viveu um pesadelo semelhante ao das vítimas de John Doe: voltou para casa com um balaio cheio de gols, um para cada um dos pecados que podem ser atribuídos a si ou ao seu nefasto presidente Eurico Miranda.
Inveja e Ira o time de Eurico mostrou na reta final do Campeonato Brasileiro de 2004. Vendo o rubro-negro paranaense em destaque no cenário nacional, Eurico fez de tudo para evitar a festa do Atlético. Em seu agir diabólico e inescrupuloso, trancou os jogadores do Atlético no vestiário recém-pintado, expondo-os à intoxicação pelo forte odor da tinta. Reduziu o preço dos ingressos para transformar o tenebroso estádio de São Januário em uma praça de guerra, fazendo com que a torcida atleticana (ou a parte dela que conseguiu chegar ao estádio) sofresse apedrejamentos por parte dos violentos dos vascaínos.
Vaidade e Soberba vieram depois que o Vasco venceu aquela partida. Escapando do rebaixamento, porém ainda no rabo da tabela, os vascaínos encheram o peito para menosprezar o estado do Paraná como um todo; “os caipiras”, como gostam de nos chamar, jamais triunfariam em São Januário. Coniventes com as atitudes vis e criminosas de Eurico, os vascaínos subiram no pedestal da vaidade por se sentirem responsáveis pelo fracasso atleticano.
Cobiça e Avareza também fazem parte da vida de Eurico Miranda. Ele, que foi “assaltado” coincidentemente quando transportava a renda de uma partida do Vasco da Gama.
Preguiça - Eurico prestigia, no Vasco, o decadente atacante Romário, de muito sucesso no passado mas que hoje em dia não tem condições físicas de suportar seqüências de partidas. Ciente do frio que assola Curitiba, Romário, mesmo não contundido, preferiu ficar no Rio de Janeiro, descansando, enquanto seus companheiros de clube corriam e suavam levando olé do Furacão.
Luxúria já é com Renato Gaúcho, atual treinador do Vasco. Sempre famoso pela sua afeição a farras e confraternizações com garotas diversas desde os tempos de jogador, Renato foi um dos precursores do estilo ‘bad boy’ no futebol brasileiro.
Gula - O mesmo Renato chegou a Curitiba dizendo que sabia a fórmula para vencer o Atlético. Achou que a má colocação do Furacão no Brasileirão poderia favorecê-lo e que poderia sair daqui com a vitória. Ou seja: teve o olho maior da barriga, quis saborear algo que não tinha condições. Isso para não ser politicamente incorreto e falar sobre a pança do senhor Eurico Miranda.
Vasco, ontem foi o dia de pagar seus pecados. Dia de enfrentar um time que, mesmo sem um passado com tradição de muitos títulos, hoje é sem dúvidas muito maior e com muito mais chances de obter novas conquistas. Me lembro de poucas goleadas com sete no placar. De pronto, me vem à memória a vitória sobre o Londrina por 7 x 3 no Paranaense de 2001. O fato é que há tempos o atleticano esperava uma goleada destas para lavar a alma. E ela veio contra quem merece: o Vasco e, principalmente, Eurico Miranda.
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