Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Será inveja?

10/10/2001


Nos últimos anos, o Atlético despontou no cenário esportivo nacional com um patrimônio espetacular. Construiu um estádio que, apesar de inacabado, é o mais moderno do Brasil, e um Centro de Treinamentos como não se vê em qualquer outro clube do país. Além disso, vem realizando boas campanhas nos campeonatos nacionais, dando mostras de que quer conquistar definitivamente um ligar entre os “grandes” clubes brasileiros.

Como conseqüência deste crescimento, logo os invejosos soltaram a voz. Bem aqui perto, os torcedores do nosso maior rival, roxos de inveja, trataram de tentar minimizar nosso patrimônio. Quem nunca ouviu um coxa falar em “meio-estádio”? E quem não lembra da festa que fizeram quando, após levar uma humilhante goleada de 4 no Couto Pereira, venceram um jogo atípico e inútil na Arena, ao qual se reportam até hoje como se fosse a conquista de um título? Claro, este comportamento era de se esperar dos nossos rivais. Como o sujeito que mora em um sobrado quase desabando sente-se corroído pela inveja ao ver seu desafeto vizinho construir uma residência luxuosa, o recalque nos torcedores alviverdes era plenamente previsível.

Algo inusitado, contudo, passou a acontecer recentemente. A Folha de São Paulo, maior jornal do país, vem publicando, reiteradamente, reportagens desmerecendo o trabalho do Clube Atlético Paranaense. Sem apresentar qualquer prova a respeito, começou afirmando categoricamente que teria havido corrupção na construção do CT: “A verba para a compra do CT do Atlético-PR é motivo de suspeitas por parte de adversários políticos de Mário Celso Petraglia, homem-forte do clube. Nos anos 90, houve uma série de denúncias de irregularidades no negócio, que estaria diretamente ligado com a desapropriação do CT anterior do clube. O dinheiro para a sua construção surgiu quando a área do antigo CT foi desapropriado pelo governo do Paraná. O valor pago pelo metro quadrado ao Atlético-PR foi oito vezes maior do que o destinado aos donos de terrenos vizinhos."

As denúncias a que o Jornal se refere, há de se esclarecer, nunca foram confirmadas. E não demanda muito esforço imaginar de onde surgiram tais afirmações caluniosas. Enfim, é um assunto que não mereceu maior repercussão sequer dentro do nosso Estado, onde a disputa política é das mais intensas, tornando de difícil compreensão o seu levantamento por um veículo paulista.

Em seguida a estas “denúncias”, o Jornal, gratuitamente, ressuscitou o episódio das arbitragens de 1997: “Ele voltou. O atleticano Mário Celso Petraglia, envolvido no escândalo da arbitragem no Brasileiro de 1997, está mais forte do que nunca na CBF. O dirigente foi um dos principais responsáveis pela manutenção do jogo entre Brasil e Chile em Curitiba.” Apenas para se fazer constar, naquela ocasião restaram absolvidos tanto o Atlético quanto Petraglia,. O então presidente do Corinthians, Alberto Dualib, também conseguiu absolvição, com a diferença de que a imprensa inteira esqueceu seu envolvimento, fazendo questão, apenas, de lembrar do assunto no que toca o Atlético.

Posteriormente, a Folha, com um comportamento que lembra infantilidade birrenta, passou a insistir em uma relação de amizade entre Ricardo Teixeira e Mário Celso Petraglia, e que não demorou muito para ser transformada em uma ligação entre Atlético e CBF: “- Quebra de promessa. A decisão de levar o time nacional para treinar em Curitiba contraria posição anterior de Teixeira. O presidente da CBF havia dito que usaria a Granja Comary, em Teresópolis, para jogos do time no Brasil. Pelo amigo, mudou de idéia;
- Salvo pelo gongo. Mário Celso Petraglia, homem-forte do Atlético-PR e amigo de Ricardo Teixeira, está livre da CPI. Foi substituído por Marcos Aurélio Coelho, atual presidente do clube do PR;
-Cúmplice. O Atlético-PR não pára de dar mostras a CBF de que é parceiro da entidade. A diretoria negou pedido da seleção chilena, que queria treinar na sexta à noite na Arena da Baixada. Alegou que os "hermanos" poderiam arruinar o gramado. O Chile deve treinar no Durival de Brito ou no Pinheirão;
- A "Casa da CBF" em Curitiba, vai ser ampliada. A diretoria do Atletico-PR quer construir outro hotel, um ginásio e mais campos oficias, incluindo um com grama sintética, no CT do Caju. O objetivo é alugar o local sem precisar desalojar a equipe de futebol profissional.”

Até mesmo a atitude do Atlético de ceder o seu CT à Seleção foi distorcida pelo Jornal, que a fez figurar como um gesto de interesse: “Vitrine amarelinha. Amigo de Ricardo Teixeira, Petraglia conseguiu para seu clube seis dias de visibilidade. A seleção brasileira ficará, de graça, no CT do Caju. Mas, como a Folha revelou, voltará a servir de garota-propaganda para o Atlético-PR arranjar parceiros.”

Mas, afinal, o que motiva esta perseguição da Folha para com o Atlético??? É o que muitos atleticanos querem saber. Será pelo simples prazer em desmerecer, diminuir, contestar o sucesso alheio? Ou seria reflexo da cultura do nosso país, onde se faz o possível e o impossível para criar polêmica, contestar, lançar suspeitas, tudo para atrair curiosos e lucrar com a “venda de jornais”? Onde prefere-se polemizar ao invés de se agradecer a existência de um CT com o padrão do do Atlético? Outra pergunta que não cala: E se fosse um clube paulista?

As respostas ainda não existem. O fato é que é extremamente desgastante para o Clube esta sucessão de ataques infundados. Além de ser injusto com o torcedor, que teve de despedir-se de vários ídolos, negociados com a finalidade de propiciar este crescimento patrimonial. Tendo feito por merecer todos os elogios e enaltecimentos feitos por todos os outros veículos de imprensa e desporto, é inadmissível que o Atlético seja alvo de insultos deste gênero. Não só pelos méritos que teve na construção de todo este patrimônio, que hoje faz inveja ao Brasil inteiro, mas também por estarmos em um país democrático, onde os mais fundamentais preceitos determinam que não se deve fazer acusações sem haver provas quanto ao seu conteúdo. E isto não se pode contestar: apesar de todas as suspeitas criadas pelos recalcados de todas espécies, jamais se provou algo contra o Clube Atlético Paranaense. Nem mesmo na tão alardeada CPI do futebol, que apenas serviu para atestar a idoneidade das operações realizadas pelo Clube.


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