Silvio Rauth Filho

Silvio Rauth Filho, 50 anos, descobriu sua paixão pelo Atlético em um dia de 1983, quando assistiu, com mais 65 mil pessoas ao seu lado, ao massacre de um certo time que tinha um tal de Zico. Deste então, seu amor vem crescendo. Exerce a profissão de jornalista desde 1995 e, desde 1996, trabalha no Jornal do Estado. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2009.

 

 

Atlético, o alvo da moda

25/07/2005


Toda vez que o Atlético começa a incomodar, temos a oportunidade de conhecer a face obscura de jornalistas, cronistas esportivos e meios de comunicação (jornais, sites, rádios e televisões). Em 2004, quando o clube ficou muito perto do título nacional, alguns profissionais e empresas partiram com tudo para o ataque. Ganhou maior destaque o comportamento de Milton Neves e o bando esportivo daquela emissora. A falta de ética, de imparcialidade e de compromisso com a verdade chocaram os atleticanos.

Em 2005, quando o Furacão arrasou o Santos na Libertadores e intimidou o São Paulo - pelo menos até o jogo no Beira-Rio - outra banda podre da mídia mostrou sua cara. A grande surpresa, pelo menos para mim, foi a postura da equipe esportiva da Globo nacional. O show de horror começou nas transmissões dos jogos das quartas-de-final, quando os comentaristas - principalmente José Roberto "Wrong" - deram largada a uma campanha contra o Atlético. Nunca vi uma caça tão meticulosa por parte das câmeras da TV, procurando encontrar pênaltis até no vestiário. O estranho é que o zoom só funcionava na área do time paranaense. Em nenhum momento, as pancadas e os agarrões dos santistas foram revelados. Tudo seguido, é claro, pela interpretação mais patética que já vi das regras do futebol.

Claro que tais puxões e abraços configuram a infração, desde que adotado o mais rígido dos critérios. Mas é bizarro que nenhum árbitro utiliza todo esse rigor e nunca ninguém da mídia deu muita bola para isso.

A Globo, porém, embarcou nessa, exatamente quando o Atlético realizava a melhor campanha do futebol paranaense na Libertadores. Infelizmente, a verborragia global não foi passageira e perseguiu o Furacão no Beira-Rio e no Morumbi.

Se a constatação de tais fatos é clara, fica difícil encontrar explicações para tal atitude. A primeira que me vem à mente - e que serve para entender principalmente os ataques de alguns cronistas bobões - é a ignorância. É típico de um sujeito arrogante e que trabalha na mídia achar que sabe tudo. Quando não entende algo, fica irritado e tenta explicar com a burrice que o cerca. É assim com o nosso Rubro-negro. Muitos acéfalos acostumados com a promiscuidade do velho futebol brasileiro - aquele que cerca e sempre favorece os mesmos Flamengos e Corinthians da vida - não conseguem compreender como um clube como o Atlético se tornou um dos melhores da América em tão pouco tempo. Nós, que temos o privilégio de ler um site como Furacao.com, sabemos porque o Furacão tem soprado forte. Conhecemos a força dessa torcida e o planejamento inteligente que foi realizado nos últimos nove anos.

Talvez a inépcia mental dessa gente não seja suficiente para explicar esse ataque ao vivo e a cores. É possível que esses agressores pautem seu comportamento apenas pelas pesquisas. Ou seja, se o time X tem mais espectadores, ouvintes e leitores, o sujeito se preocupa em agradar esse grupo X. Mas é uma estratégia arriscada, já que provoca a ira do lado Y, que, por menor que seja, em alguns casos, pode partir para o boicote. É arriscado demais.

Resta então uma outra explicação para esses ataques: os bastidores. É difícil saber, por exemplo, a quem esses Milton Phezes da vida estão servindo. No frigir dos ovos, quem paga o salário dessa gente? Será que eles recebem alguma coisa em troca para favorecer o X e prejudicar o Y? E quanto a Globo? Ainda há resquícios daquela antiga guerra? Estou falando de 1997, quando Petraglia peitou a emissora e, em troca, caiu numa arapuca ardilosa montada por canalhas globais. Aquele é um episódio superado? E a briga que Petraglia comprou em 2004, tentando aumentar as quotas de televisionamento para o Atlético? Também é um episódio superado?

Não tenho as respostas. Só sei que não confio Globo, desde que li meu primeiro livro.


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