Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Parabéns, Atlético

15/07/2005


O sonho da conquista da Libertadores da América foi prorrogado para o futuro. Não foi desta vez que o Furacão colocou seu nome no seleto grupo de campeões do mais importante torneio interclubes do continente. O campeão, mais uma vez, foi o São Paulo, tradicional equipe e com um excelente currículo na Libertadores. O Atlético foi valente, fez história e brigou até o fim. Teve chances de equilibrar a partida final na penalidade máxima desperdiçada por Fabrício, mas difícil prever se o resultado seria outro. Paciência, o Furacão foi gigante nesta competição e será ainda mais respeitado na América Latina e no Brasil. Provável que se o primeiro jogo fosse na Kyocera Arena o resultado seria outro, mas não adianta voltar a tocar neste polêmico e inexplicável assunto. Seguindo a fórmula de sucesso, logo o Atlético estará novamente decidindo um Brasileiro, uma Libertadores ou a inédita Copa do Brasil.

Em São Paulo, até o meio dia de sexta-feira, presenciei cenas lamentáveis da torcida campeã. Os tricolores paulistas que deveriam e mereciam comemorar o tricampeonato da Libertadores da América não precisavam destruir a Avenida Paulista e o comércio de particulares na famosa rua paulistana. Durante a madrugada, ao passar pela avenida vi postes quebrados, semáforos no chão, confrontos com a Tropa de Choque e a Polícia Montada. De manhã, um proprietário de uma banca de revistas estava desolado em frente ao seu antigo comércio, completamente destruído por torcedores que deveriam ter se preocupado apenas em comemorar e fazer festa. Vândalos não são exclusividade do São Paulo, mas cenas como esta me fazem perder a esperança que tenho pela capital paulista, cidade que sempre gostei muito.

Dentro do gigante estádio, uma festa preparada para uma torcida só. Enquanto perdíamos a voz em um acanhado setor do Morumbi e nos protegíamos das bombas que vinham de cima, os tricolores faziam sua festa. A torcida do São Paulo definitivamente é outra quando a competição é Libertadores. Só não entendo como a polícia local permite a entrada de tantos fogos de artifícios e bombas caseiras e não garante a escolta dos ônibus da torcida adversária. A decisão de ir de carro me permitiu chegar ao Morumbi a tempo, mas amigos que foram em excursões viram a repetição dos jogos em São Januário e no Parque Antarctica em 2004. O exemplo vem de Santos, cidade próxima de São Paulo, onde a polícia faz um trabalho excepcional e escolta o comboio adversário por mais de 50km, antes e após o jogo.

O São Paulo está de parabéns, assim como o Atlético, pelo merecido título e bela festa que proporcionou aos seus torcedores nesta quinta-feira. Mas alguns absurdos parecem que nunca vão acabar no futebol brasileiro, entre eles o respeito à integridade física dos torcedores adversários que são tratados como inimigos de guerra e a depredação de patrimônio público e particular após uma conquista. Lembremos que isso é apenas um jogo e que atos insanos e bárbaros não levam a nada. Fica a imagem de uma bela final, entre os dois valentes e competentes finalistas, mas manchada por atitudes impensadas de quem deveria valorizar seu feito, não estragando a vida dos outros ou a própria cidade que cada dia fica mais parecida com a selva.

Dentro de campo parabéns Atlético pela campanha histórica e São Paulo pelo tricampeonato latino americano! Aos adversários um recado: cuidado com o Atlético, pois nossas ambições são cada vez maiores! Será rotina ver o Furacão entre os finalistas de qualquer torneio!


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