Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Orgulho atleticano

15/07/2005


SÃO PAULO - Saí mais cedo do Morumbi. Assim que o São Paulo fez o terceiro gol, busquei um táxi na companhia de Eduardo Jordão e Marçal Justen Neto. Não temi pela comemoração da torcida paulista. Temi pela vida. O que passamos diante dos 70 mil adversários foi brincadeira de mau gosto.

Como pode um time finalista de Libertadores oferecer o portão 2 do Cícero Pompeu de Toledo aos atleticanos? Para quem não conhece o local, explico: esse portão fica justamente ao lado da entrada da maior organizada do São Paulo, a Independente. O que se viu foram diversas formas de camuflagem, como gente nossa comprando adereços tricolores para andar naquela multidão mal-encarada.

Bombas caseiras, fogos e provocações também faziam parte daquele universo armado para uma guerra. Guerra que alguns faziam entre si, nas avenidas próximas ao estádio. Bandeiras eram arrancadas dos carros e o resto do pano que sobrava servia de troféu para os marginais. Agora imagine você, trabalhador de Curitiba, a linha de ônibus Pinheirinho-Capão Raso às 18h30. Multiplique por cinco para ter idéia de como os ônibus trafegavam por aqui minutos antes do jogo.

Há poucos meses o pessoal da Furacao.com entrevistou o dirigente Mauro Holzmann. Ele afirmou que a dificuldade do Atlético é a de ingressar no mercado publicitário paulista, onde as cotas de patrocínio são maiores e a atenção do exterior é mais chamativa. Depois de tudo isso que eu vi por aqui, acredito que é melhor mantermos a nossa postura de apostar na nossa gente, no nosso povo. Os paulistas não merecem uma organização igual a nossa.

O produto da inveja, do ódio e da ganância de paulistas e cariocas não merece a atenção, mesmo com todo dinheiro que rola no principal mercado econômico brasileiro. Sou feliz por ser atleticano, por morar em Curitiba e de ser paranaense.

Vou dormir porque volto para a terrinha bem cedo. O meu sono, aliás, vai ser de alegria. Libertadores, para o Atlético, já deixou de ser um sonho, outrora distante. Tenha esse orgulho você também.

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Dedico esta coluna ao coxa-branca Dirk Lopes. Durante toda a semana ele se mostrou preocupado com o título do Atlético. Fiquei sabendo que até na Catedral de Curitiba ele foi para rezar para o São Paulo. Olha, Dirk... a preocupação acabou por enquanto. Mas a grandeza do Atlético vai tirar muito sono do seu povo.


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