Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Um sonho em vermelho-e-preto

14/07/2005


Tapyr, Albano, Bugiu, Franico, Marrecão, Malelo, Smyth, Arold, Ary, Marrequinho e Motta. Esse era o time do Atlético escalado para o primeiro jogo de sua história, em 06 de abril de 1924. Nesses 81 anos, atleticanos de todas as épocas viram momentos mágicos do Clube Atlético Paranaense. Hoje podemos presenciar o momento mais sonhado, mais desejado pelo clube em toda a sua história: conquistar a América. Para daí sim, depois deste título, imaginar sonhos ainda mais altos.

O jogo desta noite, contra o São Paulo é o mais importante da nossa história, é o mais importante da vida de cada um dos jogadores, dirigentes, comissão técnica e torcedores do Furacão. É o mais importante assim como já foi um Atlético e Savóia em 1925, que deu ao Atlético seu primeiro título paranaense. Como já foi um Coritiba e Atlético em 1930, que garantiu ao Rubro-negro o bicampeonato estadual invicto. Como já foi um Atlético e Juventus em 1949, que consolidou a excelente campanha do Furacão. Como já foi um Atlético e Central em 1995, que nos garantiu o retorno à elite do futebol nacional. Como já foi um Cruzeiro e Atlético em 1999, que nos deu o direito de disputar pela primeira vez na história a competição mais importante do continente. Como já foi um São Caetano e Atlético, que transformou o Furacão da Baixada no Furacão do Brasil.

Hoje, 14 de julho de 2005, marca a partida mais importante da história do Clube Atlético Paranaense. Faltam poucas horas para a decisão da Copa Libertadores da América. Nestes últimos 15 dias, está sendo difícil se concentrar em outra coisa que não esta decisão. Quantas vezes não me flagrei sonhando acordada, imaginando alguns lances espetaculares, como será o gol, como comemorarei. Em outras oportunidades, imaginei os momentos de tensão, as unhas roídas, as defesas milagrosas de Diego. E justo eu, que raramente sonho com resultados de jogos, sonhei com a decisão da Libertadores. O placar foi mínimo, 1 a 0. O suficiente para fazer uma nação de um milhão de pessoas mais felizes nesta quinta-feira à noite.

Tudo isso eu sonho todo dia. Justo eu, que “aprendi” futebol acompanhando as jornadas de São Paulo, Cruzeiro, Grêmio... na competição mais importante do continente, agora me vejo personagem desta história. Quando, em meus sonhos mais ousados, depois de vivenciar Pinheirão vazio, Baixada caindo aos pedaços, time sem lugar para treinar, jogadores com salários atrasados.... quando que eu iria imaginar estar aonde estamos?

A angústia para que o relógio aponte logo 21h45 é enorme, mas faz parte do show. Aconteça o que acontecer, Diego, Jancarlos, Baloy, Cocito, Marcão, Marín, Alan Bahia, Rodrigo, Aloísio, Fernandinho, Maciel, Tiago Cardoso, Danilo, Durval, Tiago Vieira, Leandro, André Rocha, Denis Marques, Cléo, Evandro, Ticão, Vinícius, Fabrício, Jorge Henrique, Lima e Antonio Lopes já estão guardados num lugar muito especial em meu coração. Agora, falta vocês corresponderem em campo tudo o que sabemos que podem para entrar na história do futebol mundial. Na minha história e na história do Atlético vocês já entraram. E só falta um degrau para o mundo aplaudir vocês em pé.

Que Deus e os anjos do futebol dêem força, sabedoria, tranqüilidade a cada um de vocês, porque eu tenho certeza que se cada um fizer esta noite no Morumbi o seu melhor, a gente vai sair de lá com o título da Libertadores. Força, Atlético!!!!!


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