Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Favorito é o Atlético

13/07/2005


Eu ia escrever isso antes do primeiro jogo, mas ainda é hora. O favorito desta final é o Atlético. Sempre foi. O que o São Paulo fez foi equilibrar um pouco as coisas tirando o jogo da Arena (nunca vi tanto apego às regras na minha vida. Deixa para lá, já passou). Mas a questão é que o Atlético é o favorito, seja por ter um time com mais recursos, seja por ter mais raça ou seja por simplesmente ser o Atlético.

Explico. A grande vantagem atribuída ao time paulista vem mais do que fizeram no passado do que no presente. A idéia corrente é que o fato de ser bicampeão da Libertadores dê ao São Paulo o divino e natural direito ao tricampeonato. Ainda mais jogando com o apoio de 60 mil torcedores. Quem vai tirar a taça de um time assim? Todo o otimismo paulista sustenta-se nestes dois pilares: somos bi e vamos jogar em casa. E isso basta.

Há quem acuse os paulistas de bairrismo, arrogância ou prepotência. Eu os acusaria também, se não sofresse dos mesmos defeitos em escala ampliada. O problema dos paulistas é outro: não entendem de futebol, não se interessam por futebol. Tanto não entendem que ainda não aprenderam que o Joaquim Américo dá de dez a zero em qualquer Beira-Rio. Já eu gosto de futebol. Não vejo tudo porque não dá tempo. Acompanho o time do São Paulo desde o começo da Libertadores. É um time bom, sem dúvida, e ficou mais forte com Amoroso. Mas está longe de ser a maravilha que pintam por aí. O Atlético - sim, o lanterna do Brasileiro - é mais forte. Não se deixem contaminar pela idéia que o time do Atlético é só raça. É raça, sim, mas também é técnica e habilidade.

Essa história de que o Atlético chegou na final da Libertadores somente pela raça (que temos de sobra) é balela. Ela ganhou força porque fica mais fácil para os comentaristas esportivos explicarem como estamos ali juntos com o São Paulo, essa máquina imbatível de jogar futebol. Como nenhum deles assistiu um jogo sequer do Furacão, tascam o adjetivo raçudo ali no meio da conversa enquanto prosseguem com o papo furado. Como são pagos para dar palpite, falam do que não conhecem e nas ruas a população repete o discurso equivocado. E assim, de uma hora para outra, o Atlético vira somente um time "raçudo e copeiro". É essa visão tacanha que transforma o limitado Fabão num bom zagueiro e o deus da raça Cocito em violento.

A verdade é bem outra. O Atlético é um timaço. Começa pelo gol, Diego é muito mais goleiro que Rogério Ceni, apenas um bom batedor de faltas. Temos Marcão, Cocito e Alan Bahia, instransponíveis. Fabrício e Danilo se equivalem, mas a fase de Fabrício é melhor. Aloísio e Lima fizeram mais gols que o ataque tricolor e quase ninguém menciona isso. Evandro é reserva, para vocês terem uma idéia da força do Atlético. Isso não significa que o São Paulo não seja um grande time. Ele é, o que dará ainda mais importância à conquista atleticana. Mas nem se compara ao time de Raí, Cafu, Müller, Palhinha e Ricardo Rocha. Talvez esse time desse trabalho ao Furacão.

E, como favorito, não precisa da torcida de corintianos, santistas, palmeirenses, colorados ou gremistas. Deixem o Atlético para os atleticanos, que realmente acompanham o Rubro-negro todo dia. Essa torcida de ocasião não interessa. Se quiserem abandonar esses times falidos sintam-se à vontade para juntar-se ao melhor time das Américas. Caso contrário esperem o Brasileirão. Quinta-feira a festa será só nossa.


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