Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Vamos aos fatos

05/07/2005


Gostaria aqui de fazer alguns questionamentos que andei recebendo, mas muitos deles partiram de mim mesmo, depois da decisão descabida de retirar de Curitiba o mando para a primeira partida da final da Copa Libertadores da América por parte da Conmebol (alguém me diga como pode ser a sigla da Confederação Sul Americana de Futebol !).

Aqui construímos nossa história da Libertadores e é aqui que ele deveria continuar a ser escrita, independente de nosso triunfo ou não nos capítulos finais, afinal o mesmo regulamento tão propalado pelos são paulinos que reza que a final deve ser jogada em estádio com capacidade para 40 mil pessoas ou mais, não esclarece se essa capacidade pode ser conseguida 48 horas antes do jogo, nem se pode ser feita com arquibancadas tubulares, as mesmas já usadas pelo paulista (que coincidência...) time do Santo André na primeira fase da competição.

Se a questão é segurança, porque o jogo de volta será no Morumbi, onde a polícia militar de São Paulo levou um pau de meia dúzia de cabeludos argentinos (ótima essa Juliano Ribas) nas cadeiras inferiores? Porque será no Cícero Pompeu de Toledo, onde a torcida tricolor apedrejou e quebrou vidraças dos ônibus da delegação do River Plate?

Tecnicamente, qual a diferença entre fazer um jogo para 23 mil pessoas onde cabem 23 mil pessoas (hoje cabem 40 mil) e jogar para 10, talvez 15 mil pessoas num estádio com capacidade para 60 mil como o Beira Rio?

Quem vai pagar o prejuízo atleticano, tanto na venda de ingressos como fatura de produtos? Como ficam os lojistas da Kyocera Arena? E quem comprou pacote? Senhores Nicolas Leoz, Ricardo Teixeira e Juvenal Juvêncio, pagam minha despesa de transporte, lanches na estrada e me arrumam um atestado médico para faltar o serviço quarta-feira e só voltar na quinta-feira à tarde?

E o trânsito na já famosa Rodovia da Morte, a BR 101, trecho Curitiba – Florianópolis? Senhores, estão brincando com vidas humanas! Outra coisa, voltando um pouco ao aspecto financeiro: será mais barato ver o jogo teoricamente fora contra o São Paulo do que o teoricamente em casa, outro absurdo!

São Paulo Futebol Clube, pedindo árbitros de fora para final? Receio, desconfiança? Aqui no Sul chamamos isso de medo! O mesmo medo que fez o jogador Vampeta tirar sarro do menino Kaká quando se encontraram na Seleção Brasileira: ei guri, como é jogar no time composto por pequenos mamíferos cervídeos, desprovidos de incisivos superiores e, em geral, tímidos e velozes?

Falando em Sul, me anima saber que alguns bravos irmãos gaúchos estarão conosco lado a lado, tentando acabar com esse monopólio da virtude de que se adonam os paulistas e sua imprensa bairrista. Justo os gaúchos, tantas vezes prejudicados pelos times do eixo Rio-São Paulo.

E se algum time carioca chegasse na final da Libertadores? Jogariam onde se o Maracanã está fechado para reformas? Dariam o ok para uma partida decisiva em São Januário ?

Para completar: Estádio Riazor, do time que já foi campeão espanhol e semi finalista da Liga dos Campeões da Europa, Deportivo La Coruña = 34.600 lugares, com cadeiras confortáveis para seus espectadores. Ou, a saber, que o Estádio José Amalfitani, do Vélez Sarsfield, time que já venceu o São Paulo numa final de Libertadores comporta 27.545 torcedores.

Quer mais? Estádio la Beaujoire do Nantes = 38.285 lugares. Estádio Luigi Ferrari da Sampadória da Itália = 38.879 pessoas sentadas. Em ambos já houve jogos de Copa do Mundo!

Tolice de minha parte ainda acreditar no bom senso dessas pessoas. Imagino o arrependimento da vereança curitibana em ter dado um diploma de Honra ao Mérito de nossa amada cidade a um cidadão que nem bem conheciam e que quando poderia mostrar capacidade para efetivamente fazer algo por Curitba, nos dá essa resposta. Senhor Nicolas Leoz Almiron, obrigado. A torcida são paulina deve agradecer!


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.