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Ricardo Campelo
Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma famÃlia inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.
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O assunto não poderia ser outro que não a saÃda de Mário Celso Petraglia da diretoria do Atlético, novidade que encheu de preocupação grande parte dos torcedores rubro-negros. Os rumores são de que o seu absolutismo chegou à total incompatibilidade com a descentralização de poder vigente hoje no Clube. Também comenta-se que seu eventual retorno estaria condicionado à concentração de todos os poderes em suas mãos.
Sinceramente, e sem adentrar o mérito do motivo de sua retirada, não coaduno com a série de manifestações por parte da torcida, que já lança até de abaixo-assinados reivindicando sua permanência no Atlético. Em primeiro lugar, temos poucas informações sobre a real situação dentro da diretoria atleticana. Bem por isso, não podemos apurar se há ou não razões justas para a sua dissidência. Logo, não creio que seja oportuna uma onda de pedidos para que o dirigente continue no Clube, já que isto poderia tumultuar ainda mais a ordem das coisas.
Ademais, o torcedor atleticano há de entender que, apesar das freqüentes brincadeiras, Mário Celso não é Deus, não estando, assim, protegido pela imortalidade. É dizer: uma hora ou outra, o Clube, inevitavelmente, teria que seguir seu destino com suas próprias pernas. E apesar de o momento parecer prematuro, não é difÃcil acreditar que o campeão brasileiro tenha forças para encontrar um futuro glorioso, independentemente da presença do ex-presidente.
Sei da reverência que todos atleticanos, bem como o colunista que vos escreve, nutrem por Mário Celso. E longe de mim querer lembrar Nietzsche, negando a existência, ou o poder, do Deus atleticano. Apenas acredito que a sua decisão deve nos inspirar apenas o agradecimento por todo o império construÃdo, e não a insurgência para com a sua saÃda. É hora do campeão brasileiro, proprietário do Estádio e do Centro de Treinamentos mais modernos da América Latina, mostrar que pode caminhar sozinho, ou melhor, sob a administração de outras pessoas. E assim há de ser.
Outrossim, sua partida pode ter seus lados positivos. É cediço, entre os atleticanos, que o malfadado ingresso a quinze reais encontrava em Mário Celso o seu grande defensor. E se a saÃda do dirigente representar a volta dos preços populares, com a conseqüente volta do torcedor à Baixada, creio que estará assegurado ao menos um benefÃcio ao Clube. O esvaziamento do estádio, em pleno ano seguinte à conquista do sonhado tÃtulo brasileiro, já está assustando a todos. A volta da grande massa atleticana é urgente. Se é sustentável que, sem Mário Celso, seria muito mais difÃcil conquistar tudo que conseguimos, é certo, absoluto, e incontestável que, sem a torcida atleticana, seria impossÃvel.
Como anotou Valmor Zimmerman, com muita propriedade, a despedida de Mário Celso representa o fim de uma Era. Se assim for, havemos de lutar para que apenas a Era termine. Que permaneçam Ãntegros e eternos todo o crescimento e a evolução que este perÃodo propiciou ao Clube.
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