Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Lidando com a vantagem

29/06/2005


O Atlético está muito perto de realizar o maravilhoso feito de participar da grande final da Copa Libertadores da América. Para chegar até aqui, nada foi fácil, pelo contrário, tudo foi conquistado com muito suor e de modo surpreendente. Por outro lado, se estamos aqui não é por acaso, e não foi por acaso que os heróis atleticanos souberam superar as adversidades e superar os desafios dentro de campo.

Por uma desastrosa apresentação em casa, o temido América de Cali perdeu o jogo para o eliminado Libertad, e nem mesmo uma importante derrota na Baixada para o time de Medellín nos tirou a classificação, prevista e escrita que seria na primeira colocação do grupo, mas que caprichosamente nos fez cair uma posição e terminarmos a primeira fase em segundo lugar. Jogaríamos as próximas fases sempre decidindo a vaga na casa do adversário. Ruim? Se fosse ruim, não daria tudo tão certo para o Atlético. O que prevaleceu foi a sabedoria em administrar a situação, aliando-se a isto vários fatores como a superação, a inteligência, a ousadia e a sorte.

Recebemos o Cerro Porteño em um jogo dificílimo, em uma noite inesquecível. Com dois gols vencemos o jogo, mas levamos a amargura de tomar um gol e levar apenas uma mínima vantagem para o Paraguai. Confesso que por alguns momentos pensei que o Cerro nos tiraria a vaga tão sonhada para as quartas de final. Sofrido, como de costume, nos pênaltis faturamos a vaga.

Próxima batalha e esperamos ansiosos o Santos na tentativa de mais um passo importante, desta vez já com uma pontinha de esperança de chegar pela primeira vez perto de uma final de Libertadores. Novamente vencemos em casa, de maneira brilhante, mas novamente levamos para Santos a preocupação de dois gols tomados na Baixada. Jogando novamente como um time copeiro, o Atlético foi a Santos e envolveu o time praiano com um excelente futebol, abrindo dois gols de vantagem e não deixando dúvidas sobre a justiça do alcance da vaga à próxima fase.

Pois bem, o que antes era uma pontinha de esperança começou a encher os corações atleticanos de euforia. Viria o Chivas de Guadalajara. Veio, passeou na Arena e se livrou de tomar meia dúzia de gols. Abrimos três de vantagem e não tomamos nenhum. Desta vez, portanto, a vantagem é larga, e vamos ao México podendo, pela primeira vez na Libertadores, perder por até dois gols de diferença.

Este é o objetivo deste texto, e é justamente aí que está alojado o perigo. O Atlético não pode, de forma alguma, entrar em campo quase classificado. Precisa lutar por isso, fazer mais uma vez justiça à classificação e jogar para vencer o jogo. Sem retrancas e sem esperar contra-ataques. Não pode se acanhar, pois um gol mexicano no início do jogo poderá mudar toda a história do confronto. Por outro lado, um gol rubro-negro no início pode, aí sim, nos deixar a um passo da final.

Por isso Atlético, pra cima deles, com a mesma humildade e o mesmo respeito, mas com a coragem de um time copeiro e surpreendente, como foi até agora. Independente se o time mexicano jogar completo ou com desfalques, temos que fazer a nossa parte e jogar focado no objetivo principal do futebol, a vitória. Entraremos em campo, amanhã à noite, em Guadalajara, com mais uma importante missão. Um dos fatores que mais pode nos tranqüilizar, neste momento, é saber que o comandante Antônio Lopes não joga com o regulamento embaixo do braço.

Pra cima deles Atlético, estamos muito próximos da final, e para isso é preciso inteligência e saber lidar com essa vantagem. Bom jogo a todos.


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