Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

É possível

29/06/2005


Eu achava espetacular. Oséas e Paulo Rink acenavam para a torcida enquanto o avião levava a esperança de um retorno à primeira divisão. Viajar assim, para o Atlético dos anos 90, era um luxo. A rotina era a de pegar a famosa "Jabiraca" para os treinos no campo do Flamenguinho e um ônibus "categoria não-leito" para os compromissos pelo interior do Estado.

Dez anos se passaram, a "Jabiraca" morreu - naquela época também morria, mas os jogadores desciam do ônibus e a faziam ressuscitar -, Petraglia assumiu, construiu a Baixada, blablabla e o time fretou um avião para o México para disputar uma vaga na final da Copa Libertadores. Caramba! É o mesmo time que eu torcia quando criança, pelo que eu brigava quando vestia o vermelho e o preto e me chamavam de flamenguista.

Ninguém me contou. Eu estou vendo a realidade do Atlético - na Libertadores. Não me venham com gracinhas para eu espiar a tabela do Brasileiro, por favor. Tem até jogador que faz tratamento médico no avião! Aquele aparelho que o Aloísio usou na poltrona da aeronave não é feitiçaria. É tecnologia. Até a imprensa voou junto com o Furacão, na mais bonita simbiose já registrada na história do futebol paranaense.

O Atlético de hoje vive como se fosse Peter Pan. É um garoto que nunca cresce e que criou a felicidade no seu próprio mundo. Às vezes se aventura fora da Terra do Nunca, é perseguido por crocodilo, mas consegue superar as dificuldades com a união dos amigos.

E é esse mesmo garoto que amanhã tem compromisso de gente grande. Jogar no Estádio Jalisco, lotado, não vai ser fácil. A vantagem adquirida na primeira partida pode e deve ser usada pelo técnico Antonio Lopes. Só que os três gols jamais poderão ser usados como prerrogativa para o time não atacar e ficar se defendendo todo o tempo. Se o Atlético fizer um gol, os mexicanos terão que fazer cinco.

Partir para cima, com responsabilidade, é o que o Furacão brasileiro deve fazer. Assim como Peter Pan enche o saco do Capitão Gancho.


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