Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

El Paranaense

23/06/2005


Não gosto de ufanismos. Não gosto de apegos desmedidos a qualquer coisa. Mas me desperta um sentimento de terra, de raiz, toda a vez que se referem ao Furacão como "Paranaense". Ou melhor, "El Paranaense". E esse sentimento deve estar aflorando e tomando grande proporções estado e mundo afora, neste momento em que o Atlético dos Paranaenses está próximo, muito próximo de fazer algo monumental em sua história.

A corrente positiva em prol do Paranaense ultrapassou o primeiro planalto, indo ao litoral, espalhando-se pelo segundo planalto e se estendendo até o terceiro planalto do estado. Uma gente coberta de vermelho e preto. Os paranaenses, de origem ou não, morando no Paraná ou não, estão em plena expectativa. Nunca foram tão bem representados no mais popular esporte do mundo como agora.

Curitiba, Paranaguá, Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná, Antonina, Morretes, São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré, Mandirituba, Piraquara, Contenda, Campo Largo, Lapa, São Mateus do Sul, Palmeira, Ponta Grossa, Irati, Castro, Tibagi, Guarapuava, Ibaiti, Jacarezinho, Telêmaco Borba, Londrina, Maringá, Cambé, Rolândia, Arapongas, Santo Antônio da Platina, Pato Branco, Dois Vizinhos, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Ivaiporã, Terra Roxa, Toledo, Cascavel, Marechal Cândido Rondon, Pitanga, Medianeira, Umuarama, Guaíra, Foz do Iguaçu e muitas, muitas outras cidades que peço perdão a seus orgulhosos filhos por não tê-las citado (por total impossibilidade de citar todos os municípios do estado) estão sendo enaltecidas pela garra do nosso Atlético dos Paranaenses, que representa também a garra da gente paranaense, que dia-a-dia trabalha e semeia um estado cada vez melhor. Os mais de oito milhões de paranaenses residentes no estado e os que estão em outras plagas e os que não nasceram paranaenses, mas se tornaram paranaenses, estão agora no alto da América.

Quando o Paranaense estiver entrando em campo para enfrentar o Chivas Guadalajara, pelas semifinais do torneio mais importante do continente, uma grande força positiva tomará conta de todo o território do estado, pois a maior torcida do estado, que segundo o Ibope chega a um milhão, poderá ter este número no mínimo dobrado, ou triplicado durante os noventa minutos deste jogo e os noventa do próximo. Muita gente que nunca pensou em torcer para o Atlético poderá se pegar vibrando por este time de verdadeiros guerreiros de sangue forte. E, quem sabe, a partir desse momento, nunca mais conseguir se livrar dessa gostosa doença que é ser atleticano.

O nacionalismo dos administradores do Chivas Guadalajara, que impedem que seu time jogue com jogadores não-mexicanos, não tem nada a ver com o sentimento bonito de amor à terra que se manifesta em toda a extensão paranaense neste ano. Finalmente está ocorrendo uma mobilização, uma derrubada de preconceitos por parte de imprensa, veículos de comunicação, formadores de opinião, que é muito favorável a todos os paranaenses. Depois que o Paranaense derrubou o time que a imprensa nacional quis transformar num mito e seus jogadores em mágicos, caiu a ficha em muita gente: o Atlético dos Paranaenses poderá fazer o impossível. O Paranaense pode chegar lá, com essa raça espetacular que tem demonstrado. O Paranaense, como é conhecido em toda América, merece o apoio, um apoio quase geral e uníssono.

Não somos contra o Brasil. Não somos contra São Paulo ou Rio. Também não somos Dons Quixotes lutando contra moinhos de vento. Sabemos o que podemos sonhar. Também não queremos e não temos nem porque provar nada para ninguém. Mas é bom que saibam quem somos, como somos e que nos respeitem. Que sabemos trabalhar, superar dificuldades e que vamos em frente em busca de grandes ideais. Com "El Paranaense" chegando ao topo da América, se conquistar este título, ainda um sonho, até os outros times do Paraná se beneficiarão. Terão onde se espelhar, saberão que não é impossível.

Moro atualmente em São Paulo, e, apesar da imprensa daqui ser meio tendenciosa com suas coisas, não quero mal a esta terra e nem a sua gente. Aqui está meu emprego, aqui conheci muita gente boa, minha filha nasceu aqui. Mas nesta quinta vou gritar para todo mundo ouvir o prazer que é ser atleticano. O orgulho que tenho da minha terra, ainda que distante. Porque chegou novamente a hora do povo paranaense fazer história.

Saudações rubro-negras a todos os que estarão na corrente positiva em prol do Furacão do Paraná em mais este difícil embate. Em Curitiba, em outras partes do Paraná e do Brasil e pelo mundo.


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