Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Uma guerra para fazer história

22/06/2005


Mais um dia amanhece. Nem bem o sol aponta no horizonte e o soldado salta para mais um dia, sabendo que terá que lutar tanto quanto no dia anterior. No primeiro vacilo ou na primeira falta de atenção, poderá não somente ser atingido por um tiro inimigo, míssil ou granada, mas poderá desarticular todo o seu exército, deslocar toda uma estratégia de guerra e jogar por terra o sonho de vencer.

No meio da batalha, olhando a varredura e observando como está o terreno, percebe-se que um ou outro soldado partiu, pego pela bravura da guerra ou entregue aos danos que ela causou. Alguns se foram, mas outros, muitos outros ainda estão acordando para um novo dia, e no levantamento geral do acampamento, ainda estamos em vantagem.

Os inimigos estão assustados, afinal não conseguem nunca nos derrotar, mesmo que a maioria deles já tivesse, em algum momento, acreditado impiedosamente que a vitória lhes pertencia. Quando menos esperaram, saímos da camuflagem, preparamos a artilharia, empunhamos as armas, preparamos as estratégias, estufamos o peito, olhamos fixos no alvo e pronto, detonamos um a um.

Sabíamos, é lógico, que os nossos inimigos seriam fortes, talvez tão fortes quanto nós, teriam também seus planos e poderiam a qualquer momento acabar com o nosso sonho, com a nossa esperança em vencer mais uma batalha. Tanto sabíamos, que resolvemos priorizar isto e respeitar nossos inimigos, pois não estavam ali por acaso, estavam ali porque eram fortes e poderiam nos derrotar ao nosso primeiro piscar de olhos.

Mesmo que algumas estratégias nossas tenham sido alteradas no meio do caminho, mesmo que alguns guerreiros tenham nos deixado, mesmo que parte da nossa nação estivesse desacreditada, o que prevaleceu foi a nossa força, o nosso espírito de luta e o nosso forte desejo de vencer. Fomos lá e vencemos.

Atlético x Chivas

Terá que ser assim, torcedor atleticano! Não será fácil, não será simples, mas terá que ser assim. Com força, com equilíbrio e com um imenso desejo de escrever o nome do Atlético em toda a América, chegou a hora de lutar mais uma vez. Chegou a hora de novamente cada soldado acreditar, reunir suas forças e dar, não somente o seu suor, mas o seu sangue e a sua determinação em querer, querer e querer.

A vitória do Atlético no primeiro jogo da semifinal dependerá, não apenas da virtude e da garra de cada jogador, não dependerá apenas dos fundamentos do futebol, não dependerá apenas de táticas ou técnicas do jogo em si. Dependerá de todos os fatores que envolvem uma verdadeira guerra. O Atlético, mais do que nunca, e mais uma vez, dependerá do grito do seu torcedor, da vibração de um estádio completamente lotado, da energia de sua louca torcida que não pensa em outra coisa, senão vencer.

Chegamos até aqui, e se estamos aqui, a esta altura de uma guerra chamada Libertadores da América, é sinal de que podemos ir além. Além das nossas próprias forças, além dos nossos próprios limites e além da semifinal. O nosso Furacão já não precisa provar mais nada a ninguém, pois já mostrou que é um verdadeiro exército de fibras e de muita luta. Mostrou que a bravura supera a técnica, que a vontade supera a estatística. O que vier pela frente será fruto de puro mérito, mérito de um time que passou de desacreditado a um dos melhores da América Latina.

Sem dúvida, é um dos momentos mais encantadores e mágicos da história do nosso querido Atlético. No dia 23 de junho de 2005, às 21:30h, quando o meu, o seu, o nosso, o Atlético de todos os paranaenses pisar o gramado da nossa linda Baixada, estaremos representando orgulhosamente o nosso estado e muito próximos de representar uma enorme nação. Magnificamente estamos orgulhosos do nosso rubro-negro, pois por ele e com ele sofremos muito, oferecemos a nossa alegria, a nossa tristeza, os nossos risos e as nossas lágrimas. Demos muito mais que uma simples torcida, demos e dedicamos uma vida inteira. Agora estamos prestes a assistir o feito mais maravilhoso do clube.

Vai Atlético, estamos juntos nesta batalha e confiamos muito em todas as tuas armas, em todas as tuas forças e, principalmente, em todos os teus sonhos. Sonhos que estão chegando perto, muito perto, simplesmente a beira de uma linda realidade.

* Dedico esta coluna a uma pessoa muito especial, meu amigo, meu irmão e grande atleticano Ayrton de Andrade Jr.


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