Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Magnólia

22/06/2005


O diretor Paul Thomas Anderson ficou conhecido no cinema pelo filme Magnólia. O drama não-linear mostra que a vida não é feita por coincidências. O mergulhador encontrado morto numa floresta incendiada estava lá porque foi sugado por um avião que apagou as chamas. O rapaz que tentava o suicídio, mas seria salvo por uma rede de proteção, morreu por um tiro acidental na hora da queda. Ou então o assassinato de um pai de família em Londres, por três bandidos, posteriormente executados na forca em praça pública. Tudo isso tinha razão para acontecer.

Assim é a vida do Atlético na Copa Libertadores da América. O time não chegou até a semifinal da competição por uma série de coincidências, ou sorte, como pregam por aí. A goleada sofrida pelo Independiente na Kyocera Arena, a decisão por pênaltis vencida no Paraguai, a vitória contra o Santos por 3 a 2, com Alan Bahia expulso no primeiro tempo, e a nova vitória diante do Peixe, na Vila Belmiro, com dois gols de Aloísio, atacante que não marcava fazia dois meses, não foi coincidência. Tinha uma razão para acontecer.

Nas mais de três horas de exibição de Magnólia o espectador também se depara com outros dramas. Um personagem é consultor sexual e recusa ver o pai que morre de câncer; o apresentador de televisão que abusou da filha e por isso tornou-se viciada em drogas; um garoto-prodígio manipulado e um policial com dificuldades de relacionamento. O ano de 2005 também está sendo dramático para o Rubro-negro. Trocou de técnico quatro vezes; a diretoria bateu de frente com a imprensa; amargura a lanterna do Campeonato Brasileiro e vive chicoteado por aproveitadores de outros Estados.

Confesso que demorei para entender a chuva de sapos na última meia hora de Magnólia. Após revê-lo diversas vezes e ler algumas críticas de especialistas que mencionaram os número oito e dois, tão constantes no filme, tive que seguir a orientação de procurar na Bíblia a resposta para os batráquios voadores. Está lá, em Êxodo 8:2 - "Mas se recusares a deixá-lo ir, eis que ferirei com rãs todos os teus termos". Incrivelmente os sapos caem do céu após todos os conflitos serem resolvidos.

O drama do Atlético também vai se resolvendo. Antonio Lopes já deu nova cara ao grupo; a relação de bem-estar com a torcida está revivida e a imprensa voltou a apoiar no melhor momento do clube desde 1924. Só que para isso não houve recusas nem foi preciso chover sapos. É que todo drama, como num filme, termina com o final feliz. E o final está próximo. Por que não, Furacão?


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