Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Domingo

21/06/2005


Não são poucas as músicas, poemas, lembranças das tardes de domingo. Passeios no parque, cinema, visitas à casa da vovó e jogo de futebol. Sem dúvida, ainda o grande lazer do brasileiro, mesmo com os ingressos custando muito caro em relação ao salário de fome que temos em nosso país.

E por isso mesmo louvo a iniciativa na Nestlé, gigante multinacional dos chocolates que banca alguns jogos do Brasileiro em troca da compra de seus produtos que são doados a instituições de caridade. Instigado por amigos e com um ingresso garantido, fui ao “clássico” entre eles e o Paraná Clube, no Major Antonio Couto Pereira. Diga-se, encontrei alguns atleticanos por lá também e com certeza todos se divertiam muito!

Antes de chegar ao gigante de concreto armado, víamos a grande movimentação das torcidas, principalmente a alviverde, tomando conta das ruas próximas ao campo de jogo, mesmo horas antes do início do embate. Os paranistas, mais tímidos, estavam confiantes, mas nem tanto. Engraçado ouvir de alguns que “clássico mesmo é Atletiba, com o Paraná é um joguinho qualquer”. Penso de maneira idêntica. Meus amigos tentavam me convencer da grandiosidade do coxa, da beleza do estádio e do tamanho da torcida. Ouvia tudo com atenção e ria por dentro, não perdendo a chance de fazer pequenas sacanagens como perguntar ao vereador Luisão, aquele da torcida deles, se tinha tabela da Libertadores, pois ele estava distribuindo uma do Brasileiro. Olhou-me espantado, sorriu e disse que a deste ano não. Que pena!

Não pudemos entrar com copos e fizemos um breve campeonato para ver quem conseguia virar meio litro de cerveja primeiro para entrarmos no estádio. Como bom atleticano, levei aquilo como um desafio, bebi com raça, depois virei meu copo com a abertura para baixo mostrando minha vitória, comprovada com a inexistência de sequer um pouco de espuma no copo. E fiz chacota: atleticano é assim, se é para beber, bebe mesmo. Quem não agüenta, bebe leite!

Na revista, um policial conhecido me identificou e fez o grande favor de dizer em voz alta: “Ô atleticano, você por aqui? Só não veio arremessar copo no campo dos caras, né?” Confesso, não pensei nisso e graças a Deus a mirabolante idéia sumiu da minha cabeça no segundo seguinte.

Já lá dentro, pude constatar as melhoras feitas na reforma do estádio. Frise-se: nada demais, porém tomaram atitudes definitivas, deixando de lado as paliativas. Os bares são bares mesmo e não meras barracas e a condição dos banheiros é infinitamente melhor que antigamente. Até porque ser pior do que era é quase impossível! Chegam a ser tão deslumbrados que colocaram uma placa na entrada do banheiro localizado na reta da Mauá, inferior: “Cuidado para não perder o jogo enquanto admira nossos banheiros”. Admirar banheiros? Pra quem gosta de m. é um prato cheio mesmo!

Nas cadeiras (sim, em cerca de 70% das antigas arquibancadas foram colocadas cadeiras), constatei que elas são muito próximas umas das outras e muito pequenas. Mas já melhorou bastante, não vou ser tão chato. Um grande problema são os ambulantes, que além de atrapalharem a visão, ficam toda hora se debatendo e enroscando uns nos outros devido ao pequeno espaço.

Pouco antes do início do jogo, confirmei o que já sabia. A torcida alviverde é outra em Atletiba, quando se matam de gritar e fazem de tudo para parecer um pouco com a atleticana. Músicas copiadas das torcidas de São Paulo ou do Rio (quase todo coxa é um palmeirense ou vascaíno frustrado) e apenas respostas às músicas da pequena, porém vibrante torcida tricolor. Quanto aos paranistas, é engraçado vê-los cantar diversas músicas da galera atleticana, mudando de rubro-negro para tricolor e de Atlético para Paraná. Sem contar as rimas, etilo “lê lê ô.. Paraná”. Meu pai, perdoe-os, eles não sabe o que fazem.

Já no segundo tempo, encontrei outro grupo de amigos, extremamente surpresos com minha presença, mas que acharam divertido eu estar lá com eles. Passei-me por turista e fiquei conversando com uma bela ruiva de olhos claros durante boa parte do jogo. Antes tenho que dizer uma coisa às atleticanas: comparando nossa torcida feminina com as demais, vocês são AINDA MAIS lindas!

Conversa vai, conversa vem, ela e a amiga passaram grande parte do tempo, instigadas pelas minhas perguntas, falando das qualidades do Atlético. Eu cresci numa época em que eles falavam e tínhamos que ficar quietos por nos faltar argumentos. Hoje o Coritiba e sua torcida tem, no mínimo, respeito pelo Atlético.

O jogo se passou, bebi mais, dei muitas risadas e saí do Couto Pereira com uma certeza. Somos muito grandes mesmo. Sem qualquer menosprezo aos nossos rivais locais, mas o Atlético está em outro nível. Eles que continuem com suas animadas partidas de domingo, enquanto o mundo nos aguarda na próxima quinta-feira.

Obrigado a todos os meus amigos que me acompanharam neste belo domingo, divertido e que me fez valorizar ainda mais o Atlético. Parabéns ao vencedor e pelas obras feitas no campo de jogo e também ao valente adversário e sua diminuta, porém alegre torcida.

Sou mais Atlético, podem ter certeza!


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