Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Prioridade

20/06/2005


Eu estou priorizando a Libertadores. Nada é mais importante que a conquista da Copa Toyota. Campeonato Brasileiro, para mim, só depois que a Libertadores terminar. Até lá, os resultados do certame nacional ficarão na minha geladeira. Até lá, só chamarei o Atlético de "Paranaense". Desculpem-me, mas não dá para ficar com um olho no peixe e outro no gato. Ou melhor, com um olho no Chivas e o outro no gato. Peixe, já era.

É natural que os jogadores do Paranaense também fiquem com a cabeça só no torneio internacional. Não podemos esperar outra coisa. São apenas quatro jogos para atingir o píncaro da glória. Depois que o Paranaense eliminou o festejado, badalado, comentado, e muitos outros "ados", Santos, minha alma ficou lavada. Foi uma verdadeira sessão de descarrego. Tirei o encosto que me incomodava desde o final do ano passado. Agora o encosto está lá na TV do bispo, azucrinando o conhecido produtor de reclames publicitários (nas horas vagas jornalista esportivo) que todos conhecem.

O Paranaense emudeceu o Brasil paulista, que é o Brasil da mídia. Não tem o que contestar. Com Robinho, sem Robinho, com Léo, sem Léo, com Ricardinho, com Deivid, com Henao ou com Mauro. O Atlético jogou com tanta raça, tanto ímpeto vencedor, que era Bóvio que essa vaga seria nossa (perdoem-me, mas não resisti ao infame trocadilho). Para ter essa força vencedora, é preciso muita, mas muita concentração, um pacto em torno de um grande objetivo. Para se ter este compromisso, não se pode estar dividido. Por isso, se o Paranaense chegar ao título, ninguém ligará a mínima se no Brasileiro a campanha for pífia, fraca, abaixo da crítica. Só terá que ter a força para correr atrás do tempo perdido depois. Mas com o que estes homens de alta estirpe demonstraram nessa Libertadores, com a honra que defenderam suas profissões, reputações, famílias e as cores do Paranaense, fico tranqüilo, pois certamente podemos contar numa volta por cima no Brasileiro. O sangue desses caras é forte.

Chivas Regal

Pensando no próximo compromisso internacional do Atlético, lembrei-me inevitavelmente de uma crônica de Luis Fernando Veríssimo, em que o protagonista era um publicitário que certo dia fez o anúncio de sua vida. O anúncio era uma foto do uísque Chivas Regal, com o título: "O Chivas Regal dos Uísques". O anúncio foi um grande sucesso, vendeu uísque a dar com o pau. Após esse feito, o tal personagem passou a ser considerado um gênio. Não fazia mais nada, apenas vivia da fama, conseguia empregos e era admirado pelo que havia feito. Largou mão.

Durante muito tempo, fomos assombrados pelo "Chivas Regal dos Uísques" dos coxas. Cada vitória do Paranaense em Atletibas, a cada título estadual em cima deles, bastava a gente começar a tripudiar e enaltecer a conquista que eles começavam a apontar a estrelinha amarela no peito e acabar com a discussão falando no "título" brasileiro deles. Foi assim de 1985 até 2001. Nunca mais fizeram nada de expressão, mas sempre estavam lá a apontar a estrelinha e a fazer jantares comemorativos a cada aniversário do feito.

Chegamos a uma inédita semifinal de Libertadores, eliminamos o Santos de Robinho, da mídia e do abominável senhor das Neves, fizemos algo inimaginável no início da temporada. Se parássemos por aqui já seria um enorme feito. O nosso "Chivas Regal dos Uísques". Os jogadores seriam lembrados por isso. Mas o Paranaense precisa mais. Merece mais. O nosso "Chivas Regal" tem que ser o título da Libertadores. E o bom é que dá para confiar nos jogadores. Está claro e límpido que é isso que eles querem, nada menos que o título das Américas. Aí teremos o nosso verdadeiro "Chivas Regal dos Uísques" para encerrar qualquer discussão.

Mas antes temos que passar pelo difícil Chivas Guadalajara, time que eliminou o campeoníssimo Boca Juniors com folgas. Quinta-feira tem pedreira pela frente.

Paramos de perder

Tenho pouco a falar do Brasileiro. O mais importante é que paramos de perder e que Antonio Lopes está dando padrão ao time, que já tem a sua cara. Já são quatro jogos sem derrota.

Barbaridade

Bah, catou barbaridade o Diego! Falo como seus conterrâneos para enaltecer a extraordinária jornada do arqueiro do Paranaense. Agora Diego está na boca do Brasil. E não espero e não hesito em dizer: Diego será Seleção, cedo ou tarde. Um goleiro que antes era considerado apenas um marqueteiro, hoje é o melhor goleiro do Brasil. Consertou seus defeitos e é incontestável destaque do time do Paranaense este ano. Fantásticas, extraordinárias, são as palavras para definir suas últimas atuações. Além disso, é um exemplo de conduta e hombridade. Ou seja, um ídolo completo. Admirável dentro e fora de campo. Um exemplo para toda uma classe onde os malandros e boêmios é que são notícia e um exemplo para toda uma geração de jovens torcedores.


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