Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Sem Robinho Futebol Clube

16/06/2005


Navegando pelos principais sites esportivos nesta quinta-feira, fico com a impressão de que o Atlético derrotou não o Santos Futebol Clube, mas sim o “Sem Robinho Futebol Clube”. É impressionante. Quase todas as manchetes iniciam-se com “Sem Robinho”:

Gazeta Esportiva:

“Sem Robinho, Santos joga mal, perde e dá adeus ao tri”

Terra:

“Sem Robinho, Santos perde para Atlético-PR”

Pele.net:

“Sem estrelas, Santos cai na Libertadores”

Globo.com

“Sem Léo, Robinho, Giovanni... Peixe joga mal e é eliminado em casa”

Ressalvas apenas ao Lance!, que preferiu dar uma visão imparcial da partida e anunciou a matéria com a chamada “Aloísio dá vitória ao Atlético-PR e elimina o Santos da Libertadores”. Enfim um site que preferiu reconhecer o esforço dos atletas que entraram em campo, ao invés de enviuvar-se com as estrelas que não participaram do jogo.

Absolutamente desmedido este destaque para o fato de que o Santos jogou desfalcado. Os jornalistas deste país mais uma vez demonstram que só têm olhos para os clubes paulistas e cariocas, sem se dar conta do que acontece com os adversários do resto do Brasil. Se estudassem um pouco melhor o Atlético, saberiam que o time jogou tão desfalcado quanto o Peixe.

Se o Santos não teve Robinho, o Atlético não teve Evandro, também servindo à Seleção Brasileira - claro que Robinho é melhor jogador, mas a importância de cada um para o seu time é proporcional. Se o Santos não teve Léo, o Atlético não teve Denis Marques, um dos seus principais jogadores. Se o Santos não teve Fabinho, o Atlético não teve Alan Bahia, titular absoluto no meio-campo. Se o Santos não teve Giovanni, o Atlético não contou com David Ferreira, que também não pôde ser inscrito na Libertadores. Isto sem falar em Dagoberto, que no ano passado rivalizava com Robinho pelo título de melhor jogador do Brasileirão, e que ainda se recupera da lesão no joelho.

Curiosamente, não li nenhuma notícia com o título “Sem Evandro e Alan Bahia, Atlético bate o Santos”. O Atlético venceu e ponto final. Jogou melhor, teve mais raça e superação em ambas as partidas. Na primeira delas, inclusive, contra Robinho, Léo (que não jogou nada) e todo mundo que tem direito.

Pior é agüentar o comentarista de arbitragem (melhor profissão do mundo) José Roberto Wright (sim, aquele que já operou descaradamente o nosso rival conterrâneo) apontar insistentemente pênaltis supostamente não marcados em favor do Santos. Na primeira partida, não vi nenhum jornalista de São Paulo destacar o pênalti claríssimo não assinalado por Wilson de Souza Mendonça em favor do Atlético, e nem os injustos cartões que este deu para Alan Bahia.

Essa nossa imprensa não muda, não adianta.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.