Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

A mística da camisa rubro-negra

02/06/2005


O jogo de ontem foi épico, um filme com final feliz, mas cheio de reviravoltas em seu enredo. No palco mais belo da América Latina, contra o temido e engasgado Santos, o Atlético fez história, enchendo sua vibrante torcida de orgulho, alegria e emoção. Logo no início de jogo, quando a bola de Aloísio caprichosamente bateu no travessão, todos tiveram a certeza de que o Atlético entrara em campo predestinado a vencer, a superar os desafios criados pelo forte adversário e fraquíssimo trio de arbitragem.

Em nenhum jogador atleticano faltou raça, determinação e vontade. As pernas de alguns quase não agüentaram os pouco mais de 90 minutos de partida, tamanha a doação em campo. Nesta memorável noite na Kyocera Arena, a camisa rubro-negra foi vestida com amor, pois rubro-negro é quem tem raça e não teme a própria morte. Poucas vezes o hino atleticano refletiu com tanta fidelidade o espírito de um time do Atlético como neste primeiro de junho de 2005.

A torcida compareceu em bom número e não deixou o Santos respirar e sentir-se em casa. O mundialmente conhecido Robinho não se atreveu a pedalar ou tentar ousados dribles, sua marca registrada. Quem brilhou foi Evandro, o garoto atleticano de 53 convocações para a seleção brasileira e que em momento algum se escondeu em campo ou deixou de ter personalidade para, com maestria, comandar o Atlético à belíssima e justa vitória.

Prejudicado pela injusta expulsão de Alan Bahia, o time teve como única referência na marcação o volante Cocito, jogador que respeita e conhece a força e mística da camisa atleticana. Como em suas melhores atuações na reta final de 2001, Cocito foi um verdadeiro cão de guarda, parando sem violência qualquer santista que se atrevesse a chegar perto do gol de Diego. Este, mesmo combalido por uma conjuntivite e amigdalite, também foi espetacular. Aliás, seria injusto escolher o melhor atleticano em campo, pois esta vitória foi da garra do conjunto, da força de todo um time que está focado e ciente da responsabilidade de uma Copa Libertadores da América. Do goleiro Diego ao cada vez mais artilheiro Lima, todos foram impecáveis!

O jogo não acabou, faltam ainda 90 minutos, fora de casa, no alçapão da Vila Belmiro. O adversário continua sendo favorito, mesmo sem Léo e Robinho, mas se não respeitar a força do Atlético vai ficar pelo caminho, como o Cerro Porteño. Se o Atlético não tem um time fantástico em 2005, ao menos tem um time de homens, com vergonha na cara, força de vontade e ambição. Isso é muito importante para a formação de um grupo vencedor.

Avançando ou não na Copa Libertadores da América, este grupo ficará marcado para sempre na memória do torcedor atleticano como lutador, ambicioso, aguerrido, profissional e vencedor. Um elenco que respeitou a camisa atleticana e a vestiu com muita raça. Times melhores certamente o Atlético já teve, mas muitos destes pararam no caminho por falta de vontade, profissionalismo e ambição. Ao time atual nada disso falta, por isso parabéns mais uma vez a todos!


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