Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Obrigado, Nowak

26/05/2005


Já se vão quase dez anos. Mas a lembrança ainda está viva. Durante toda a semana a diretoria do Atlético prometia trazer duas grandes contratações para reforçar o elenco que reestreava na primeira divisão nacional. Na saída da aula do cursinho, liguei o rádio para ouvir o noticiário das 18h. Nada confirmado, apenas a especulação de que Edmundo, "Animal", poderia ser apresentado a qualquer momento. Enfiei o walk-man na mala e entrei no Vila Guaíra.

Numa sexta-feira os nomes de Nowak e Piekarski surgiram na mídia. As duas revelações polonesas eram os novos contratados pelo Atlético. No outro dia lá estavam eu e mais de 500 torcedores na porta do Estádio Joaquim Américo para saudá-los. Um "o-bri-ga-do" daqui, outro "A-tlé-ti-co" dali e até mesmo o nome "Os Fa-ná-ti-cos" foi pronunciado. Foi a maior recepção de novos jogadores pela torcida Rubro-negra nestes últimos dez anos. Com um aspecto principal: ninguém nunca os tinha visto atuar. No almoço, passei na Igreja ao lado da minha casa e comprei dois pratos de pierogues.

O carinho da torcida teve uma reciprocidade enorme dos polacos, tanto que os dois foram assunto para a Revista Veja. O gosto pelo churrasco brasileiro, a admiração pelas mulheres e o jeito de jogar futebol renderam uma bela reportagem. Ainda na mídia, a comunidade polonesa curitibana fez diversas homenagens aos jogadores, que sempre souberam devolver o carinho.

No começo de 97, Piekarski saiu do Atlético. Nowak ficou e até por isso foi o mais querido dos dois. Sempre acompanhado da bela esposa, recebeu uma proposta milionária para voltar à Europa e defender o Wolfsburg, da Alemanha. Mesmo de longe, acompanhou todo o desenvolvimento patrimonial do Atlético, seus títulos e sua torcida. Em 2001, passou mal em campo e teve uma rara doença degenerativa diagnosticada. Por causa disso, abandonou o futebol e continuou o tratamento lá mesmo na Alemanha.

Nesta quinta-feira recebi a notícia da sua morte prematura. Com apenas 29 anos, Nowak poderia ser o toque de qualidade que falta no meio-campo do Atlético. O armador principal do Furacão. Se voltasse ao time, faria a dupla "café-com-leite" com Alan Bahia. No dia de Corpus Christi, todos os atleticanos estão de luto. Aqueles que acompanharam a chegada, as atuações, a saída e a doença do polonês que marcou época no clube. Esteja com Deus, Nowak.


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