Eduardo Aguiar

Eduardo Aguiar, 51 anos, é jornalista e filho de um coxa-branca (ainda bem que existe a Teoria de Darwin, sobre a Evolução das Espécies!). Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2006.

 

 

As crises

15/05/2005




A torcida "organizada" não atendeu aos apelos do técnico Borba Filho para incentivar o time na partida deste domingo. Preferiu ficar xingando o Petraglia e os torcedores do retão da Getúlio, que tentavam apoiar os jogadores. É o cúmulo essa tentativa de se criar uma luta de classes na Baixada. A turma da Buenos Aires chamando os torcedores da Getúlio de "playboys". Como se essa diferença de R$ 10 no ingresso pudesse fazer qualquer segregação entre os atleticanos.

Agora, o pior de tudo são os babacas que continuam arremessando objetos no campo – o que voltou a acontecer no jogo de terça contra o Independiente e hoje contra o Corinthians (quando um imbecil jogou uma bomba no gramado). Tenho certeza que as TVs paulistas vão se fartar com a imagem e, não duvidem, serão as mensageiras da denúncia ao STJD.

Estes ignorantes é que devem ser temidos, vigiados e reprimidos, tanto pelo clube quanto pela própria torcida. É como diz o ditado: "Guarda-me Deus dos amigos, porque dos inimigos eu me guardarei". Além de não ajudar o time, nem o clube, prejudicam toda a Nação atleticana, que pode ser proibida pelos tribunais de assistir aos próximos jogos na Arena.

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Assisti ao jogo contra o Corinthians na curva da Buenos Aires. É impossível ficar ali, vendo e ouvindo tanta gente torcendo contra o próprio time. A partir de quinta-feira, entrarei para o time dos "playboys": passarei a freqüentar o retão da Getúlio. Afinal , não me interessa se o presidente é o Petraglia, o Farinhaque ou o Zé das Couves. Quando eu vou ao jogo é para incentivar o Furacão.

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Aprendendo com as crises

A mais óbvia das constatações mostra que a satisfação dos torcedores está diretamente ligada aos resultados do time. Eu estava dando uma espiada nas minhas colunas antigas e, vejam só: cada vez que o time foi mal, instaurou-se uma crise entre torcida e diretoria (leia-se Petraglia).

Esta situação se arrasta há anos. Em 2002, um ano após a conquista do maior título da história atleticana, a torcida ousava vaiar jogadores como Kleber, Kleberson e – pasmem – até o Dagoberto, que estava iniciando a carreira como profissional.

O auge da crise ocorreu em outubro, quando o Atlético perdeu para a Ponte Preta. Foi a primeira vez que ouvi a torcida do Atlético comemorar um gol do adversário – situação que me levou a escrever um artigo intitulado "Vergonha", no qual eu já reclamava da mudança de comportamento da massa rubro-negra.

Em 2003, a mesma coisa: "a péssima campanha do rubro-negro causou uma explosão de críticas, de análises negativas e de previsões terríveis sobre o futuro não só do time mas do clube em si", escrevi, na época. E assim fomos vivendo nesses anos todos, entre times bons, regulares e ruins, até que fomos vice-campeões nacionais em 2005.

E, na minha modesta opinião de torcedor, se mantivermos esta média de disputar o título brasileiro a cada quatro anos, e disputarmos três em cada cinco Libertadores, está excelente. Quando o time está mal, é claro que críticas surgirão – como agora. Também lamento muito as derrotas, pois, como todos os torcedores, gostaria de ter um time capaz de ser campeão da América, quiçá do mundo.

Mas não se pode exagerar na dose. Afinal, uma torcida que já vaiou Dagoberto, Kleberson e Kleber - e que hoje grita o nome do Ilan, que quando estava aqui também era vaiado– não pode ser tão sensata assim. Esse, aliás, foi o maior exemplo de insensatez que eu já vi: jogador que foi vaiado durante todo o tempo que esteve no clube é enaltecido depois que ele já foi embora...

Além disso o campeonato é longo, e tenho certeza que, apesar do time ser fraco, sairemos do buraco.


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