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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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De nada adiantou. Sobre finanças, críticas e intrigas, muito se falou. Sobre Atlético, futuro, futebol, planos, soluções, nada. Simplesmente nada. As expectativas geradas antes do início da coletiva concedida ontem na Kyocera Arena talvez tenham me trazido prejuízos emocionais, pois eu esperava, no mínimo, algumas palavras de esperança. Fiquei na saudade, mais uma vez.
Pelo menos em forma de desabafo, faço questão de expor ao leitor alguns dos meus comentários sobre o pronunciamento do conselho gestor do Clube Atlético Paranaense. Vamos lá:
"O Atlético está grande, tem uma torcida fantástica e não vai se deixar levar pela minoria”.
- Pois bem, quem será essa minoria de torcida? Aquela que praticamente em 13.000 vozes criticou duramente a diretoria na noite de terça-feira? E qual é essa torcida fantástica do Atlético? Estava em casa nesta mesma noite?
Digo que a mesma torcida que reclamou terça-feira é a mesma torcida fantástica que nunca deixou de apoiar o Atlético, mas que não mais ficará calada, de braços cruzados, vendo as barbaridades que estão ocorrendo no clube.
"Estou preocupado com o que vem pela frente, com 2014”.
- Tudo bem, é um baita pensamento. Mas e o momento atual, só preocupa a torcida? É lógico que todos sonhamos com a Copa do Mundo no Brasil, com a exposição da nossa nação, mas nós atleticanos estamos muito mais preocupados com o terrível momento do nosso clube.
“Não será contratado um diretor de futebol em função dos altos salários desses profissionais”
- Isto prova que realmente o futebol no Atlético está em segundo ou terceiro plano. Preferem contratar dois, quatro, oito, doze, vinte jogadores e apostar, dar um tiro no escuro. Se tivéssemos um diretor de futebol, teríamos a oportunidade de dar um tiro certeiro, e seria o salário mais justo pago a alguém dentro do Atlético.
“Os dirigentes admitem erros cometidos neste ano, mas consideram que são inerentes ao futebol”.
- Negativo. O grande impacto e a grande resposta para os erros cometidos surgem dentro de campo. É dentro das quatro linhas que vemos o resultado de uma série de equívocos que, infelizmente, foram colocados em prática. E dentro de campo, meu amigo, é futebol!
“Quem tiver com problemas quer vá deitar num divã e resolver seus problemas com Freud. Eu já fiz isso e deu certo”.
- É exatamente isso. O pensamento dos nossos dirigentes é este. Se você, torcedor, está contente, ótimo. Se não está, o problema é seu. Siga as recomendações do autor da frase ou adquira um livro de auto-ajuda.
“Não uma, não duas, não três. Centenas de vezes eu pensei em abandonar o clube”.
- Centenas de vezes? Mata-me a curiosidade em saber por qual motivo não efetivou a idéia. Foram tantas pressões assim e tantas falhas cometidas que o próprio presidente se questionou centenas de vezes o que estava fazendo ainda à frente do clube? Gostaria muito de saber qual seria a gota d’água para a sua renúncia.
“O mundial desse ano terá 6 clubes e US$ 50 mil em prêmio. Quem for campeão da Libertadores vai para lá. Não seremos neste ano. Mas um dia seremos, se continuarmos com o mesmo trabalho. Mas isso se deixarem a gente continuar”.
- Este foi um dos pontos que mais me chamou a atenção. Não é possível que se diga uma coisa dessas em público. Quer pensar desta forma, tudo bem, mas expor este ponto de vista é abusar da nossa paciência. O próprio Petráglia que se diz torcedor antes de mais nada, jogar a toalha desta forma, sendo que estamos na próxima fase e a uma semana praticamente ainda do primeiro jogo em casa? Não posso concordar com isso!
“Nós estamos aqui há dez anos. A grande torcida a gente respeita. A torcida organizada, não. Os verdadeiros atleticanos estão sendo influenciados. A deformação da opinião está sendo levada de uma forma leviana, de uma forma doente. Agora, vocês sabem, a minoria protesta”.
- Voltamos à minoria. A grande minoria que reclama desde o início do campeonato paranaense, que implora por reforços e que anuncia as próprias catástrofes. A mesma minoria de terça-feira à noite, que assistiu um show de irresponsabilidade. A torcida organizada Os Fanáticos sentem o Atlético na veia, respiram, vivem e morrem pelo Atlético, e merecem respeito, pois são tão verdadeiros como tantos outros milhares que não fazem parte da organizada, mas que não deixam de ser mais ou menos atleticanos.
“A torcida organizada quer a bateria pra ficar em pé, pra não sentar na cadeira que a lei obriga”.
- Me desculpem, mas isso é muita infantilidade. Então pago ingresso e sou obrigado a assistir o meu Atlético sentado? E se eu não sentar, em quanto tempo os atleticanos serão obrigados a fazer isto, caso contrário irão presos por contrariar a lei? O que se promove com a torcida organizada é uma manifestação para empurrar o Atlético, para vibrar com o time, e não há mal algum em ficar em pé! Eu sempre aplaudi o Atlético em pé, e vou continuar aplaudindo da maneira como eu quiser, seja em pé, sentado, ou sei lá como.
“O Edinho não foi mandado embora. Ele me pediu e disse que não tinha condições de continuidade. Nós em conjunto com o presidente Fleury chegamos a conclusão que ele não poderia continuar. Ele disse que não suportava mais a crise que surgiu com a Fanáticos pressionando”.
- Que facilidade! Pronto, é tudo culpa da Fanáticos. Ou melhor, quando o Atlético é campeão e quando estão todos sorrindo, é graças à “fantástica” torcida do Atlético, ou a grande maioria como se referem. Quando há desgraças, críticas, 13.000 pessoas gritando “timinho”, aí é crise braba, embalada pela organizada. Calúnia absurda e incontestável.
Os detalhes da demissão de Edinho, talvez saibamos daqui a uns 6 meses, como estamos sabendo agora da historinha da briga com Levir Culpi que culminou com a perda do título brasileiro.
É isso aí! Tudo virou uma grande brincadeira de mau gosto.
** Atleticanos, quero deixar bem claro que sempre acreditei em todas as melhores intenções e em todas as ações propostas pela nossa diretoria. Não fosse desta forma, não enalteceria vários feitos e várias conquistas com as quais sempre sonhamos. Todos fizemos parte disto, torcedores comuns, apreciadores, Os Fanáticos, comissão técnica, diretoria e vários outros que de uma forma ou outra se envolveram com o clube. Mas o caminho do futebol se perdeu. Hoje o objetivo é outro, bem longe daquilo que sempre nos moveu unidos pelo grande ideal em ver o Atlético sempre campeão.
O Atlético é o que é hoje em dia porque muitos atleticanos não desistiram nunca. Entre eles, a torcida organizada Os Fanáticos, que empurraram toda uma nação ao som da bateria e ao som de canções que deram ritmo às arquibancadas da Baixada, que hoje estão caladas por não verem mais o Atlético como motivo de alegria.
Para finalizar, gostaria de mais uma vez lembrar do comentário infeliz sobre a não conquista da Libertadores este ano. Como prova de amor ao Atlético, eu, em minha devida sanidade, duvido que um público menor do que 15.000 pessoas esteja presente dia 19, no primeiro jogo contra o Cerro Porteño. E no jogo de volta, adivinhem quem estará no Paraguai, em excursão, para empurrar o Atlético rumo à próxima fase?
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