Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Não quero

11/05/2005


Não quero alguém que morra de amor pelos torcedores do meu clube do coração...

Só preciso de alguém que viva por nós, que queira estar junto de nós, nos abraçando.

Não exijo que alguém ame o Atlético como eu o amo, quero apenas que ame, não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que cada torcedor que eu gosto ou conheço, goste de mim...

Nem que eu faça a falta que eles me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, me senti insubstituível na multidão...

E que esse momento será inesquecível, pois está cravado ao lado esquerdo de meu peito...

Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...

E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar o meu time do coração... E poder ter a absoluta certeza de que o meu time também pensa em mim, e que sente a minha falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, o meu clube me valoriza pelo que sou e pelo que sempre fui, não pelo que tenho...

Que me veja como um ser humano e torcedor completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento... E não brinque com ele.

E que meu clube do coração me peça para que eu nunca mude, para que eu seja sempre eu mesmo, como sempre fui...

Não quero nunca brigar com o mundo do Atlético, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem planejamento, humildade e paz.

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas... Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente teima em maquiá-lo e entendê-lo como "sim".

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto ao meu clube do coração, de poder dizer a ele o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros...

Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento. Só quero meu Atlético de novo, aqui, bem pertinho de mim, como sempre foi, e quero muito dizer que essa saudade está destruindo o meu coração.

** Adaptação feita do texto "Não Quero" de Mário Quintana, baseado nos fatos insustentáveis ocorridos no Clube Atlético Paranaense e, principalmente, no saudoso Atlético de anos atrás, não em sua estrutura, mas em sua paixão, onde diretoria, time, torcedores e apreciadores formavam a força de uma só nação. Estão roubando o Atlético de nossas vidas, estão nos tirando a vibração, a força e a emoção atleticana. Nada mais é como antes, nem os diretores, nem o futebol, nem a torcida. De nada adianta uma linda casca por fora, se por dentro estamos apodrecendo. Jofre, sofro mas devo lhe dizer que estão descobrindo uma maneira de matar o nosso Atlético, tirando a alegria daquele que é o maior patrimônio do clube: o torcedor atleticano. Querem envolver o torcedor com fantasias, ilusões, parcerias extraordinárias, tudo do bom e do melhor do mundo dos negócios, mas esquecem que o futebol é lazer, é prazer, é satisfação, é união, é integração, e não um mundo capitalista onde o mais forte prevalece sobre o mais fraco. Está tudo, tudo errado no Atlético.


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