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Jones Rossi
Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.
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You'll Never Walk Alone
09/05/2005
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You'll Never Walk Alone
(música: Richard Rodgers, letras: Oscar Hammerstein II)
When you walk through a storm
Hold your head up high
And don't be afraid of the dark
At the end of the storm
Is a golden sky
And the sweet silver song of a lark
Walk on through the wind
Walk on through the rain
Tho' your dreams be tossed and blown
Walk on, walk on
With hope in your heart
And you'll never walk alone
You'll never walk alone
A música imortalizada na voz da cantora Nina Simone virou uma espécie de hino não oficial do Liverpool. A letra fala das dificuldades da vida com otimismo. Numa tradução livre, em português as principais partes ficariam assim: "Não tenha medo do escuro, no final da tempestade há um céu dourado e a doce canção prata de uma cotovia". E segue, linda: "Caminhe através do vento, caminhe através da chuva, vá em frente, vá em frente, com esperança no coração, e você nunca caminhará sozinho". Puta canção. Fica mais emocionante quando a torcida do Liverpool, inteira de vermelha, canta junto. Contra o milionário Chelsea (engraçado como certos adjetivos grudam nos times. O pequeno Chelsea agora virou milionário. Um time artificial), a torcida se inflamou ao som da bela música. De dar inveja.
Não vou ficar aqui sentindo nostalgia dos tempos da Velha Baixada. Era, sim, um tesão, mas nós tÃnhamos um time de Primeira Divisão jogando na Segunda. Era muito fácil torcer praquela equipe. O ingresso era barato, as tardes eram de sol, o pão com bife era gostoso, era um paraÃso que o tempo cristalizou na memória dos atleticanos. E parece que ninguém quer deixar aquele "paraÃso" pra trás. A idealização está chegando a nÃveis insuportáveis. Tem gente sentindo saudade do Pinheirão!
Daqui a pouco vão jurar de pé juntos que gostavam de ser chamados de sem-teto pelos coxas.
Mesmo assim eu não vejo a torcida fria como alguns dizem. Este ano só pude ir aà para Curitiba ver a final do Paranaense, mas vi a torcida de sempre, vibrante, cantando muito, silenciando a torcida adversária, que de vez em quando se manifestava com aqueles cantos "criativos" de sempre. Me disseram que não foi assim durante todo o campeonato paranaense. O leitor há de concordar que deve haver muita paciência para ficar gritando o jogo inteiro contra o Nacional de Rolândia (cadê a Sul-Minas, hein?). E certamente não havia tanta vibração nas tardes frias do Pinheirão contra o União Bandeirantes. Às vezes nem nos clássicos.
O que boa parte parte da torcida atleticana deveria aceitar é que muita coisa mudou. E mudou para melhor. Mesmo este propalado distanciamento entre torcida e diretoria não é bem assim. Ou na época do Onaireves e Farinhaque era melhor porque a torcida entrava de graça no estádio da Federação? Sinceramente me sinto mais próximo dos dirigentes dos últimos dez anos do que antes, quando a Baixada estava fechada cheia de mato nas arquibancadas. Duvido que alguém queira voltar àquela época.
Mas também não quero ficar elogiando aqui a diretoria que tirou o Atlético do buraco. Até porque muitas crÃticas procedem. Esse time aà é ruim. E é justamente neste ponto que eu queria chegar. O Atlético, durante esta e outras gestões, já teve times ótimos e times horrorosos. E no futuro também terá times igualmente bons e ruins. Por isso mesmo, nós, torcedores, devemos sempre apoiar incondicionalmente o time na hora do jogo. Porque ali, dentro de campo, não existe FabrÃcio, MarÃn ou Denis Marques. Dentro de campo eles estão usando o uniforme rubro-negro, o manto sagrado que também vestiu Caju e Jackson e Cireno. O uniforme transcende a qualidade, ou, no caso, a falta dela. Eles são o Clube Atlético Paranaense. Quem vaiar estará vaiando as cores vermelha e preta. Neste momento o Atlético caminha entre o vento e a chuva. Agora cabe ao torcedor fazer sua profissão de fé e cantar, como os fanáticos do Liverpool, "Atlético, você nunca caminhará sozinho".
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