Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Momento atleticano

09/05/2005


O Atlético de hoje não permite projeções. Projeção é um nome um pouco mais pomposo para palpite, esporte nacional. A arte do pitaco é exercitada em cada esquina, cada padaria, cada firma, em cada lugar onde haja admiradores do futebol. Principalmente às segundas-feiras, dia posterior ao domingo, o dia de glória de todos os esportes, da Fórmula 1 ao futebol de praia. Segunda-feira é o dia nacional do pitaco.

Pois, apesar do Atlético estar indecifrável, devido às circunstâncias que o impediram continuar seu bom momento pós título Paranaense, vou aos meus: não sei se Edinho chega ao final do Campeonato Brasileiro. Suas sacadas no sábado foram infelizes, apesar da melhora de rendimento do time no segundo tempo. Precisa colecionar mais acertos diretamente relacionados a ele, sem interferência de Lio evaristo. Ainda mais que o bom e jovem Péricles Chamusca anda desempregado.

Mesmo com poucas atuações no time, Caetano foi uma das melhores contratações, mostrando que o Atlético, apesar dos equívocos, continua acertando na política de contratações de jovens. Outras coisas sobre o elenco: Maciel, que parecia ter vindo para marcar época, mostra jogo a jogo que é mais um ciscador do que craque. No papel, jogador campeão do mundo pelo FC Porto, parecia ser o nome da vez. E o Fabrício, infelizmente, não é jogador para o Atlético, não há muito mais a falar sobre ele. A ausência de Dênis Marques está sendo sofrida, seus gols fazem falta, é o jogador mais importante do Atlético este ano. Com ele e Fernandinho no time, o Atlético não pereceria assim.

Acho que o Atlético não cai para a segunda divisão no Brasileiro, nem lutará para não cair. Brigará pelas primeiras posições, o que é sua vocação. Acredito na melhora com a volta dos desfalques e de Dagoberto. Estamos em maio, em um campeonato que acaba no início de dezembro. O time não é tão ruim como estão pintando. A derrota em Santos foi até normal, tendo em vista que enfrentamos o time do espetacular, para não dizer genial, Robinho, o qual é um prazer ver jogar e uma pena não estar no meu time. Mas isso tudo é só o que eu acho. Falar que o time é bom em um momento ruim é tão arriscado quanto dizer que o time é ruim em um momento bom. E no nosso momento bom, Edinho tinha estrela, Ticão era um novo Kleberson, Fabrício tinha bola para jogar no Atlético.

Pitacos são pitacos. Acertar um palpite é a glória em uma rodinha de amigos. Tem comentarista esportivo que vive de tentar acertar previsões, como Miltão das Neves. Gosto mais de palpitar no bolão que participo, que se ganhar, embolso milão em Reais. Mas volta e meia a gente tem que dizer o que acha que vai acontecer fazendo uma leitura do que se vê no presente. Fiz a leitura. O senhor leitor e a senhora leitora também tem o seu "scan" do momento, que pode ser semelhante ao meu ou diametralmente o oposto.

Independente do que achamos, o Atlético vive um momento de cada vez. E terça-feira, faremos o jogo de nossas vidas (até o próximo jogo da vida). Seja lá o que você, amigo pensa do time, do Edinho, da diretoria, vá a campo para torcer. Não se desespere no primeiro passe errado. O Atlético precisa da sua confiança. É um jogo em que já saímos com o resultado que precisamos e a tranqüilidade terá que imperar na Kyocera Arena, para que administremos o jogo e conquistemos a vitória naturalmente. Este time está em primeiro no grupo da mais importante competição da América. O Atlético habita dois mundos opostos. Em um, estamos em meio às trevas do final da tabela, no outro, desfrutamos a bonança de um primeiro lugar. O Atlético realmente não nos permite previsões. Tudo pode acontecer em seu futuro. Até um bom futuro.

Cabe aos torcedores incentivar ou, ao menos, não praguejar no jogo contra o Independiente Medellín. O Atlético vive, até que volte a normalidade, tempos difíceis, causados por infelizes circunstâncias. Portanto, cabe ao torcedor fazer seu papel, que é torcer. Se a torcida jogar contra, será o adversário que irá agradecer. Como dizia Nelson Rodrigues em uma de suas estupendas crônicas sobre futebol: "um péssimo torcedor corresponde a um péssimo jogador". Não vamos ser ruins naquilo que cabe a nós. Vamos ser os melhores e ser como um cracaço nas cadeiras da Baixada.

Em tempo: a crônica à qual me refiro chama-se "O Quadrúpede de 28 patas", e está na coletânea de crônicas "À Sombra das Chuteiras Imortais", onde é possível encontrar também a célebre "Complexo de Vira-latas", que fala sobre o pessimismo doentio dos brasileiros após a tragédia de 1950. Mal que, infelizmente, acomete parte da torcida atleticana.


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