Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Pulmões

27/04/2005


Eu gostaria de saber: onde foram parar os pulmões do Atlético? O tema "preparo físico" não foi abordado à toa pelo Edinho. Houve uma queda a olhos vistos. O Furacão sopra, mas não com a mesma intensidade em termos de força bruta, como em algumas temporadas vencedoras.

Não é nada que mereça revoluções, gritos de "Ei, Petraglia vá tomar cajú", treinamentos à base de chibatadas no lombo dos atletas ou a defenestração a pedradas do Antônio Carlos Gomes. O time não fica com a língua para fora e roxo em alguns minutos de jogo. Também não se arrasta pelo gramado. O problema é que está como os outros times do Brasil. Igualou-se. O que era um diferencial do Atlético nos últimos tempos, não é mais. O Atlético é um time comum em termos de preparação física.

O time corre, até. No Atletiba decisivo, dominamos amplamente o domínio de bola e de ações. Mas na prorrogação, ficou igual aos coxinhas: morto da silva. Sobressaiu-se pela qualidade técnica superior à do time verde. Mas aquele diferencial, aquela blitzkrieg, aqueles dez caras voando, não vi este ano. Isso eu vi nos últimos campeonatos de longa duração que o Atlético disputou e foi bem. No time campeoníssimo de 2001 e no quase campeoníssimo, mas cheio de louvor, de 2004.

Coincidência ou não, tais grupos iniciaram seus trabalhos com Mário Sérgio, aquele, o Pontes de Paiva. E, com toda a discordância que tenho de sua filosofia de escalação de equipes, de sua postura arrogante de mago Merlin do futebol, tenho que dar os devidos créditos ao Mário Sérgio. A preparação física de seus times, logo de início, já se mostrava diferenciada. Time do Mário é time sem preguiça. Isso porque, guardados os seus defeitos na gaveta, Mário Sérgio é do ramo. O cara é do mundo da bola. Conhece quem é bom e trouxe ao Atlético gente competente. É exigente, e chato até, nesse campo. Conhece futebol, jogou muito quando atleta, fala a língua do boleiro e sabe que um time precisa ter o maior número de diferenciais. O preparo físico é um deles e dos mais importantes.

Não quero mais Mário Sérgio como treinador nem pintado de ouro. Mas está aí um bom nome para trabalhar no clube como diretor de futebol ou como um supervisor técnico, onde não possa, é claro, sobrepor o trablho do treinador que exercer o cargo no momento. Tudo isso, é só uma coisa que me veio à cabeça. Não é sugestão nem nada. Ele está lá no Grêmio ajudando a tirar aquele time da lama. Mas o que me chama atenção é que os times do Mário eram papa-léguas. Esse nosso está mais para coiote, que corre bem também, mas menos, bem menos.

Está aí um trabalho para Edinho fazer. Espero que o seu preparador físico seja melhor do que o que Casemiro Mior trouxe. E que Edinho seja exigente e tire dos nossos bem pagos e jovens atletas até a última gota de suor. Eu quero aquelas blitzes de volta.


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